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Em dia de festa, libaneses se unem e cantam vitória
TARIQ SALEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BEIRUTE
Os cinco libaneses indultados por Israel dentro do acordo
com o Hizbollah foram recebidos como heróis ontem no Líbano por uma multidão de centenas de milhares de pessoas
que lotou as ruas de Dahiyeh,
subúrbio xiita de Beirute, para
ouvir o líder da milícia xiita celebrar o que vê como vitória.
Em discurso televisionado
após breve aparição ao vivo para apresentar os indultados,
Hassan Nasrallah prometeu
aos libaneses uma nova era
contra Israel: "Esta negociação
com o inimigo mostrou que foi
uma grande vitória libanesa e
palestina, um objetivo atingido
por toda a resistência. A era de
derrotas terminou, estamos
agora numa era de conquistas".
Em seu discurso, Nasrallah
criticou os demais países árabes por nada fazerem para libertar milhares de militantes
palestinos que continuam em
prisões israelenses. "A resistência libanesa provou que é a
legítima representante da
identidade de toda a região e a
da luta do povo árabe por sua liberdade", declarou ele.
Antes da celebração, os ex-prisioneiros libaneses Samir
Kuntar, Khader Zaidan, Maher
Kourani, Mohammed Surour e
Hussein Suleiman chegaram
em um helicóptero das tropas
de paz da ONU para uma cerimônia oficial no aeroporto.
Em outro sinal de que o episódio extrapolou as linhas sectárias e partidárias no país, um
porta-voz da Presidência
-ocupada pelo recém eleito
Michel Suleiman, cristão- definiu o dia como uma "data nacional", celebrada com feriado.
Suleiman, o premiê Fuad Siniora e o presidente do Parlamento, Nabih Berri, os receberam em um tapete vermelho.
"A resistência conseguiu uma
importante vitória contra o inimigo, trazendo de volta cinco
cidadãos libaneses e mostrando ao mundo que a soberania libanesa sempre prevalecerá",
declarou o presidente.
A troca de prisioneiros foi
vista por analistas como uma
ampla vitória política do Hizbollah, que consolidou sua supremacia no Líbano, com forte
presença e poder de veto no governo, e também angariando a
simpatia de árabes na região.
Para Amal Saad-Ghorayeb,
do Centro Carnegie para o
Oriente Médio, o governo libanês terá uma difícil tarefa de
pôr em sua agenda a questão do
arsenal do grupo xiita. "O Hizbollah mandou uma mensagem
ao mundo de que Israel conhece apenas a linguagem da força
militar. Com os seus objetivos
alcançados, os políticos que
queriam o desarmamento do
grupo ficam enfraquecidos."
Já de acordo com o diretor do
departamento de Ciência Política da Universidade Americana de Beirute, Hilal Khashan, o
Hizbollah também impôs uma
derrota moral para a política
dos EUA para a região. "Temos
um cenário em que os americanos e seus aliados árabes [como
Egito e Arábia Saudita] estão
desmoralizados. Prisioneiros
árabes foram libertados por um
grupo guerrilheiro, coisa que
nenhum governo árabe obteve
com negociações", disse.
"O Hizbollah pode ainda impor novas derrotas morais para
o governo israelense, provocando um conflito como o de
2006. A tensão ainda é grande."
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