São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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Senado argentino se divide sobre impostos

Legisladores votariam ontem lei que gerou locaute no campo; governo prevê vitória, mas tem base dividida

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

O governo argentino dava por garantida ontem à noite a aprovação no Senado por apenas dois votos de diferença de seu projeto de lei que determina o aumento de impostos sobre a exportação de grãos, o mesmo que gerou o atual conflito com o campo.
Mas a vitória oficialista significaria quase uma derrota para o governo, já que representa uma fragmentação de sua base de apoio. Antes da crise, o oficialismo tinha 42 entre os 72 senadores. Segundo o chefe-de-gabinete, Alberto Fernández, o governo teria garantido, ontem à noite, uma maioria mínima de 37 votos favoráveis para aprovar o projeto.
A votação do aumento pelos senadores, após um dia inteiro de debates, estava prevista para acontecer por volta da meia-noite e, apesar de o governo confiar na vitória, até o fechamento desta edição os dois lados continuavam a contar as intenções de votos. Na Câmara de Deputados, onde o governo também costumava ter ampla maioria, a aprovação foi confirmada por apenas sete votos, e a situação é acusada por opositores de comprar apoio.
À noite, quando a situação no Senado começou a se mostrar favorável ao governo, os panelaços em apoio ao campo voltaram às ruas de bairros nobres de Buenos Aires. Anteontem, grandes atos do governo e dos ruralistas, com apoio da oposição, reuniram dezenas de milhares de pessoas na capital para pressionar os senadores.
O projeto que determina o aumento de impostos foi anunciado pela Casa Rosada em 11 de março e provocou uma crise que ontem completou 127 dias.
Nesse período, aconteceram quatro locautes ruralistas, bloqueios nas estradas, desabastecimento e queda na popularidade da presidente, Cristina Kirchner, que viu a oposição e parte de sua base de apoio se unirem pela causa do campo.
Muitos deputados, senadores e governadores peronistas, principalmente os que têm base de apoio no campo, preferiram se posicionar a favor de seus eleitores do que ao lado de um governo impopular.

Voto de Minerva
Se a medida do governo for aprovada, será convertida em lei. Se for reprovada, os senadores devem debater outros quatro projetos apresentados pela oposição. Em caso de empate, quem decide é o vice-presidente, Julio Cobos, também presidente do Senado, que entrou em conflito com o governo por debater o tema com ruralistas e oposição. A posição de Cobos ainda era desconhecida.
Enquanto acompanhava a sessão do Senado pela TV, o presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi, disse que os ruralistas ainda tinham esperanças de que o projeto fosse rejeitado. Mas que, diante da aprovação, manteriam os protestos.
Segundo pesquisa do jornal "Clarín", 88% dos argentinos não crêem que a crise será solucionada após a votação. Segundo o Indec (IBGE local), apesar dos distúrbios, a economia cresceu 8% em maio em relação ao mesmo período de 2007.


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