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Senado argentino se divide sobre impostos
Legisladores votariam ontem lei que gerou locaute no campo; governo prevê vitória, mas tem base dividida
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
O governo argentino dava
por garantida ontem à noite a
aprovação no Senado por apenas dois votos de diferença de
seu projeto de lei que determina o aumento de impostos sobre a exportação de grãos, o
mesmo que gerou o atual conflito com o campo.
Mas a vitória oficialista significaria quase uma derrota para
o governo, já que representa
uma fragmentação de sua base
de apoio. Antes da crise, o oficialismo tinha 42 entre os 72
senadores. Segundo o chefe-de-gabinete, Alberto Fernández, o governo teria garantido,
ontem à noite, uma maioria mínima de 37 votos favoráveis para aprovar o projeto.
A votação do aumento pelos
senadores, após um dia inteiro
de debates, estava prevista para
acontecer por volta da meia-noite e, apesar de o governo
confiar na vitória, até o fechamento desta edição os dois lados continuavam a contar as
intenções de votos. Na Câmara
de Deputados, onde o governo
também costumava ter ampla
maioria, a aprovação foi confirmada por apenas sete votos, e a
situação é acusada por opositores de comprar apoio.
À noite, quando a situação no
Senado começou a se mostrar
favorável ao governo, os panelaços em apoio ao campo voltaram às ruas de bairros nobres
de Buenos Aires. Anteontem,
grandes atos do governo e dos
ruralistas, com apoio da oposição, reuniram dezenas de milhares de pessoas na capital para pressionar os senadores.
O projeto que determina o
aumento de impostos foi anunciado pela Casa Rosada em 11
de março e provocou uma crise
que ontem completou 127 dias.
Nesse período, aconteceram
quatro locautes ruralistas, bloqueios nas estradas, desabastecimento e queda na popularidade da presidente, Cristina
Kirchner, que viu a oposição e
parte de sua base de apoio se
unirem pela causa do campo.
Muitos deputados, senadores e governadores peronistas,
principalmente os que têm base de apoio no campo, preferiram se posicionar a favor de
seus eleitores do que ao lado de
um governo impopular.
Voto de Minerva
Se a medida do governo for
aprovada, será convertida em
lei. Se for reprovada, os senadores devem debater outros quatro projetos apresentados pela
oposição. Em caso de empate,
quem decide é o vice-presidente, Julio Cobos, também presidente do Senado, que entrou
em conflito com o governo por
debater o tema com ruralistas e
oposição. A posição de Cobos
ainda era desconhecida.
Enquanto acompanhava a
sessão do Senado pela TV, o
presidente da Federação Agrária Argentina, Eduardo Buzzi,
disse que os ruralistas ainda tinham esperanças de que o projeto fosse rejeitado. Mas que,
diante da aprovação, manteriam os protestos.
Segundo pesquisa do jornal
"Clarín", 88% dos argentinos
não crêem que a crise será solucionada após a votação. Segundo o Indec (IBGE local), apesar
dos distúrbios, a economia
cresceu 8% em maio em relação ao mesmo período de 2007.
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