São Paulo, sexta-feira, 17 de julho de 2009

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EUA culpam corrupção por tráfico venezuelano

Relatório do Congresso diz que Guarda Nacional do país de Chávez coopera com cartéis colombianos

DO "FINANCIAL TIMES", EM CARACAS

A crescente espiral do narcotráfico na Venezuela vem sendo agravada pela corrupção oficial e a recusa em cooperar com os EUA, indica um relatório do Congresso americano.
Uma cópia do relatório, à qual o "Financial Times" teve acesso, indica que os esforços para combater o contrabando de cocaína passando pela Venezuela, que quadruplicou entre 2004 e 2007, vêm sendo prejudicados pela corrupção na Guarda Nacional, que, segundo o relatório, colabora com o narcotráfico colombiano.
O senador Richard Lugar, líder da Comissão de Relações Exteriores e autor do pedido do relatório, em fevereiro de 2008, disse: "As conclusões desse estudo aumentam meu receio de que a falha da Venezuela em cooperar com os EUA no combate às drogas esteja relacionada à corrupção no governo".
Apesar dos mais de US$ 6 bilhões investidos pelo governo dos EUA para combater o tráfico de cocaína vinda da Colômbia, o relatório argumenta que o esforço vem sendo enfraquecido pelo fato de a Venezuela não impedir grupos guerrilheiros de esquerda, como as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), de usar seu território como refúgio.
Acredita-se que as Farc sejam responsáveis pelo envio de cerca de 60% da cocaína que chega aos Estados Unidos vinda da Colômbia.
Lugar disse que a "atitude de não cooperação" da Venezuela exige uma "revisão abrangente" da política americana em relação a Caracas, num momento em que os dois países procuram melhorar suas relações, abaladas desde que os EUA apoiaram tentativa de golpe contra o presidente Hugo Chávez em 2002.
Em 2008, o venezuelano expulsou o embaixador dos EUA, motivando uma atitude recíproca por parte de Washington, mas os dois embaixadores foram reenviados a seus postos no mês passado, numa tentativa de reparar as relações.
Mesmo assim, Chávez continua a recusar-se a autorizar a DEA, a agência dos EUA responsável pelo combate às drogas, a operar na Venezuela, tendo encerrado a cooperação com o órgão em 2005 devido a suspeitas de espionagem.
Autoridades venezuelanas rejeitaram críticas semelhantes feitas pelos EUA no passado, dizendo que a Venezuela é vítima de um acidente geográfico, pelo fato de situar-se entre o maior produtor mundial de cocaína, a Colômbia, e o maior consumidor, os EUA.
Embora o governo venezuelano diga que as apreensões médias de cocaína aumentaram em até 60% desde que foi encerrada a cooperação com a DEA, os EUA questionam a confiabilidade dessas cifras.


Tradução de CLARA ALLAIN


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