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EUA culpam corrupção por tráfico venezuelano
Relatório do Congresso diz que Guarda Nacional do país de Chávez coopera com cartéis colombianos
DO "FINANCIAL TIMES", EM CARACAS
A crescente espiral do narcotráfico na Venezuela vem sendo agravada pela corrupção oficial e a recusa em cooperar com
os EUA, indica um relatório do
Congresso americano.
Uma cópia do relatório, à
qual o "Financial Times" teve
acesso, indica que os esforços
para combater o contrabando
de cocaína passando pela Venezuela, que quadruplicou entre
2004 e 2007, vêm sendo prejudicados pela corrupção na
Guarda Nacional, que, segundo
o relatório, colabora com o narcotráfico colombiano.
O senador Richard Lugar, líder da Comissão de Relações
Exteriores e autor do pedido do
relatório, em fevereiro de 2008,
disse: "As conclusões desse estudo aumentam meu receio de
que a falha da Venezuela em
cooperar com os EUA no combate às drogas esteja relacionada à corrupção no governo".
Apesar dos mais de US$ 6 bilhões investidos pelo governo
dos EUA para combater o tráfico de cocaína vinda da Colômbia, o relatório argumenta que
o esforço vem sendo enfraquecido pelo fato de a Venezuela
não impedir grupos guerrilheiros de esquerda, como as Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), de usar seu
território como refúgio.
Acredita-se que as Farc sejam responsáveis pelo envio de
cerca de 60% da cocaína que
chega aos Estados Unidos vinda da Colômbia.
Lugar disse que a "atitude de
não cooperação" da Venezuela
exige uma "revisão abrangente" da política americana em
relação a Caracas, num momento em que os dois países
procuram melhorar suas relações, abaladas desde que os
EUA apoiaram tentativa de golpe contra o presidente Hugo
Chávez em 2002.
Em 2008, o venezuelano expulsou o embaixador dos EUA,
motivando uma atitude recíproca por parte de Washington,
mas os dois embaixadores foram reenviados a seus postos
no mês passado, numa tentativa de reparar as relações.
Mesmo assim, Chávez continua a recusar-se a autorizar a
DEA, a agência dos EUA responsável pelo combate às drogas, a operar na Venezuela, tendo encerrado a cooperação com
o órgão em 2005 devido a suspeitas de espionagem.
Autoridades venezuelanas
rejeitaram críticas semelhantes feitas pelos EUA no passado, dizendo que a Venezuela é
vítima de um acidente geográfico, pelo fato de situar-se entre o
maior produtor mundial de cocaína, a Colômbia, e o maior
consumidor, os EUA.
Embora o governo venezuelano diga que as apreensões
médias de cocaína aumentaram em até 60% desde que foi
encerrada a cooperação com a
DEA, os EUA questionam a
confiabilidade dessas cifras.
Tradução de CLARA ALLAIN
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