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Gays argentinos devem sofrer obstáculos
Entidades no país avaliam que juízes podem se recusar a fazer uniões ou evitar adoções por homossexuais
Juíza de paz declara que não fará casamentos entre pessoas do mesmo sexo porque obedecerá primeiro "à lei de Deus"
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
Apesar da lei recém-aprovada que prevê o casamento
gay na Argentina, os casais
homossexuais do país devem
enfrentar obstáculos para se
casar ou adotar filhos.
Há dois dias, o Senado argentino sancionou em uma
votação apertada uma alteração no Código Civil que teoricamente iguala os direitos de
casais gays e heterossexuais.
Na prática, porém, é provável que haja dificuldades,
principalmente em relação à
adoção. Como cabe aos juízes escolher a família ou a
pessoa que tem melhores
condições para adotar, magistrados conservadores podem evitar entregar as crianças a casais gays.
"Alguns [juízes] serão
mais resistentes, porque têm
medo ou dúvida. Mas, com o
passar do tempo, é provável
que se normalize", afirma a
diretora nacional da Infância, Marisa Graham.
Para a FALGBT (Federação
Argentina de Lésbicas, Gays,
Bissexuais e Transexuais), as
maiores dificuldades ocorrerão em Províncias e cidades
do interior. "A adversidade
talvez ocorra nas cidades que
resistiram à legalização do
casamento gay, porque os
juízes são reflexo da sociedade em que vivem", diz Esteban Paulón, secretário-geral.
Ontem, a juíza de paz da
Província de La Pampa Marta
Covella disse que não realizará casamentos entre gays
porque obedece primeiro à
lei de Deus e, depois, à dos
homens. "Se aparecem pedidos [de gays], o juiz suplente
realiza o casamento, mas não
eu. Uma relação entre homossexuais é uma coisa má
diante dos olhos de Deus."
A FALGBT vai apresentar
uma denúncia contra a juíza
de paz por não cumprir com
seus deveres públicos.
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