São Paulo, domingo, 17 de julho de 2011

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Hugo Chávez delega poderes a vice antes de seguir para Cuba

Presidente esclarece que não transferiu o poder, como quer oposição; é a primeira vez que ele repassa funções

Quimioterapia começa hoje em Havana, mas venezuelano não descarta fazer parte do tratamento no Brasil

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, delegou ontem ao vice-presidente, Elias Jaua, algumas prerrogativas, incluindo a de expropriar bens, horas antes de viajar a Cuba para continuar tratamento contra o câncer.
Chávez também autorizou o ministro das Finanças, Jorge Giordani, a decidir sobre questões orçamentárias.
Foi a primeira vez em 13 anos que o mandatário, que frisou não estar transferindo o poder como exige a oposição, delegou funções.
Ele anunciou que começará hoje sessão de quimioterapia em Havana, mas não descartou fazer parte do tratamento no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
"Tudo isso agora requer compatibilizar possibilidades, necessidades reais do tratamento [de câncer]", disse Chávez, que agradeceu à presidente Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela oferta.
O presidente contou que se comoveu com o esforço de Lula para convencê-lo a se tratar no Brasil. Segundo Chávez, o ex-presidente disse ao chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, em São Paulo: "Nicolás, diga a Chávez que se for necessário dormir na porta do quarto cuidando ele, eu dormirei".
Maduro visitou o Sírio-Libanês nesta semana, confirmou Chávez.
O presidente, que não revela o órgão afetado pelo câncer, afirmou que a doença não se expandiu. "Não se detectou nenhuma célula maligna em nenhuma outra parte."

UNIDADE E OPOSIÇÃO
Chávez, que foi autorizado pela Assembleia a sair da Venezuela "por mais de cinco dias", sugeriu que sua ausência não será longa, mas não fixou data de retorno.
No Parlamento, a discussão entre governistas e opositores sobre a viagem foi acalorada e estava sendo transmitida por canais estatais até ser interrompida por Chávez, que surgiu em cadeia de TV.
Com tela dividida ao meio, a Venezuela acompanhou as falas dos deputados enquanto eram exibidos os rostos de ministros e do presidente com as reações. Chávez disse que a oposição estava no limite "do ridículo".
Na mesma transmissão, o presidente fez um aceno à oposição "exortando" a Justiça a conceder benefícios aos considerados presos políticos que estão doentes.
"Não sou o ditador que vai dar ordens aos demais poderes. Mas me atrevo a fazer uma exortação do meu coração".
Antes de ir a Cuba, ele se reuniu com dirigentes do partido, foi saudado por militares e pediu "unidade". "É o melhor que vocês podem fazer para me ajudar."


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