São Paulo, domingo, 17 de julho de 2011

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Jornais querem leitor do 'News of the World'

Publicação de Murdoch, fechada após escândalo de escutas ilegais, liderava circulação no Reino Unido aos domingos

Os três tabloides tidos como sensacionalistas que restaram decidem dobrar suas tiragens e devem baixar os preços

NELSON DE SÁ
ARTICULISTA DA FOLHA

Os três tabloides sensacionalistas ou "red top" que restaram em Londres aos domingos decidiram dobrar suas tiragens para hoje, na primeira edição sem a concorrência do "News of the World".
O jornal de Rupert Murdoch era líder distante em circulação, com média de 2,67 milhões de exemplares em junho. "Sunday Mirror", "The People" e "Daily Star Sunday" registraram circulação média, também em junho, de 1,09 milhão, 475 mil e 306 mil, respectivamente.
Além da maior tiragem, eles devem baixar seus preços em até 50% em algumas regiões.
Mas o movimento mais esperado para hoje nas bancas ainda não havia sido decidido até o fechamento.
O grupo Daily Mail & General Trust, que publica o "Mail on Sunday", tabloide de mercado intermediário, sem o apelo sensacionalista dos demais, estudava sair já neste domingo com um novo jornal.
Entre os nomes possíveis, "The Sunday". O domínio de internet thesunday.co.uk foi registrado no último dia 7.
Com ou sem o novo tabloide, o grupo deve adotar, para o "Mail on Sunday" de hoje, a mesma estratégia dos três tabloides sensacionalistas, elevando tiragem e reduzindo preço.
O Daily Mail & General Trust é o segundo maior grupo de imprensa do Reino Unido, com a metade do alcance de leitores da News Corp. de Murdoch. Com a crise no concorrente, analistas já alertam para o crescimento de sua influência política.
Mas a News não desistiu do domingo. Já registrou o domínio sunonsunday.co.uk, entre outras variações, e poderia lançar o "Sun on Sunday", versão de seu diário "Sun", no início de agosto.
A consultoria britânica de mídia Enders Analysis avalia, porém, que a corporação terá que oferecer descontos aos anunciantes e até circular gratuitamente, de início, para ganhar mercado.

VIGOR
O que está em disputa é um vazio de mercado que a própria News destaca chegar a 7,5 milhões de leitores, deixados para trás pelo "News of the World".
Também ficaram para trás, sublinha a Society of Editors, associação britânica de editores, os anunciantes que precisam atingir tamanho público. Entre as grandes empresas que perderam com o fim do jornal de Murdoch estão Ford, Halifax e T-Mobile.
A guerra pelo espólio do "News of the World" confirma o vigor dos tabloides na imprensa britânica e mundial, apesar da queda de circulação ""o próprio jornal havia perdido 5,7% de sua circulação, em um ano.
O exemplo de maior sucesso é o "Bild". É o jornal de maior circulação na Alemanha e a maior publicação sensacionalista no mundo, embora enfrente uma cobertura, da revista "Der Spiegel", comparável à que o britânico "Guardian" fez do "News of the World" até este ser fechado.
Os americanos "New York Post", este também de Murdoch, e "Daily News" mantêm uma guerra semelhante à dos tabloides londrinos, mas com circulação muito menor e declinante.
Por outro lado, nos emergentes e em especial no Brasil, com a ascensão da classe C nos últimos anos, o mercado de tabloides reverte a tendência mundial e registra expansão.


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