São Paulo, terça-feira, 17 de agosto de 2004

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ISRAEL

Protesto começou domingo

Churrasco é astúcia contra greve de fome

DA REDAÇÃO

Israel anunciou ontem a intenção de preparar churrascos dentro das penitenciárias para despertar o apetite de prisioneiros palestinos, e assim desencorajá-los a prosseguir com a greve de fome iniciada no último domingo.
Ofer Lefler, porta-voz da autoridade penitenciária, disse que Israel se inspirou no Reino Unido, que nos anos 70 e 80 fizeram o mesmo para convencer terroristas irlandeses a ingerir alimentos.
Cerca de 1.750 prisioneiros recusam-se a comer enquanto os israelenses não permitirem que eles recebam com maior freqüência a visita de familiares, tenham melhores condições sanitárias e possam usar telefones públicos para se comunicar com parentes.
Mas o ministro da Segurança Pública, Tzachi Hanegbi, disse que tais reivindicações não serão atendidas e que, se depender dele, "os prisioneiros poderão até morrer de fome".
Argumenta que telefones e visitas de amigos são pretextos para preservar os vínculos com grupos terroristas aos quais os prisioneiros pertenceriam.
No documento em que anunciaram que não mais se alimentariam, os palestinos disseram que até o final da semana todos os 7.500 compatriotas em prisões israelenses por motivos políticos deixarão de se alimentar. No texto, acusam Israel de "furtar todos os nossos direitos e nos tratar como animais".
O governo os qualifica de terroristas ou de cúmplices de atos terroristas, que nos últimos quatro anos custaram a vida a mil civis israelenses. No mesmo período cerca de 3.000 civis palestinos foram mortos pelos israelenses.
Israel argumenta que outras decisões contestadas pelos prisioneiros -como o recolhimento de aparelhos de rádio e TV- têm por objetivo impedir a comunicação com o mundo externo. Os carcereiros também recolheram os cigarros das celas, para que, ao deixarem de fumar, os prisioneiros se tornassem menos resistentes à fome.
O movimento de protesto foi saudado por Iasser Arafat, presidente da Autoridade Palestina, como "um ato contra essa ocupação racista e desumana".
Em Gaza, 3 mil palestinos participaram ontem de passeata de apoio aos encarcerados. Khaled Batsh, do grupo Jihad Islâmico, exortou os palestinos a "seqüestrar soldados e colonos sionistas" para trocá-los por prisioneiros.


Com agências internacionais


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