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REINO UNIDO
Projeto visa impedir que crianças sigam o exemplo dos pais e acabem na cadeia; governo nega estigmatização
Londres vai monitorar filho de criminoso
MARIE WOOLF
DO "INDEPENDENT"
No Reino Unido, os filhos de
criminosos serão "identificados"
e "acompanhados" pelo governo
desde a infância para prevenir a
possibilidade de seguirem o
exemplo dos pais, enveredando
pelo caminho do crime.
Numa ofensiva contra a criminalidade juvenil, o Ministério do
Interior britânico prepara um
programa que visa impedir que
125 mil filhos de pais presos se
juntem tenham o mesmo destino.
A secretária do Policiamento,
Hazel Blears, disse estar otimista
quanto às chances de o acompanhamento evitar que crianças virem criminosas como seus pais.
"Cerca de 125 mil crianças e
adolescentes têm um pai na prisão", disse Blears. "É um fator de
risco enorme. Cerca de 65% dessas crianças vão acabar na prisão,
elas próprias. Precisamos identificar e acompanhar as crianças que
correm risco maior. Podemos
prever os fatores de risco que podem conduzir uma criança ao
comportamento delinquente."
Blears disse ter consciência de
que o plano, baseado em pesquisas que sugerem que os filhos de
criminosos têm tendência a acabar na prisão, pode levar à acusação de que essas crianças estariam
sendo visadas injustamente.
"Não acho que essas crianças
estejam sendo estigmatizadas pelo fato de serem visadas", disse
ela. "Podemos intervir ainda na
infância e dizer "sua vida pode ser
diferente". Queremos dar apoio a
esses menores desde a idade mais
tenra possível."
Blears vem discutindo com
Margaret Hodge, a secretária da
Infância, um programa de intervenção precoce na vida dos filhos
de condenados.
Ela quer usar métodos utilizados no programa Início Certeiro,
do Partido Trabalhista, voltado a
crianças menores de cinco anos
residentes em áreas carentes, para
proporcionar apoio extra aos menores filhos de criminosos.
Essas crianças seriam identificadas pelas autoridades e acompanhadas desde a primeira infância
até a adolescência, recebendo
apoio extra e ajuda para combater
comportamentos "inadequados".
Segundo Blears, os adolescentes
cujos pais são criminosos serão
monitorados na escola e pelos
serviços sociais e receberão apoio
extra na escola, além de terem
acesso a esportes, teatro e outras
atividades extracurriculares.
"Podemos fazer os pais assistirem a aulas para pais. Podemos
atrair os adolescentes para artes,
esportes e teatro, oferecer a eles
alguma coisa na qual possam dar
certo. Se você só vai à escola todos
os dias e todo o mundo lhe diz que
você é lixo, você nunca vai dar
certo na vida", disse a secretária.
Blears também defende a repressão à violência nas escolas.
Estudos indicam que os alunos
que tratam colegas com violência
apresentam chance maior de envolver-se com assaltos, roubos de
carros e agressões fora da escola.
"Acho que não podemos nos dar
ao luxo de ignorar esses fatos",
disse Blears. "É um pouco como a
tolerância zero."
O sistema judiciário deve ajudar
os infratores a mudar seus hábitos, inclusive no caso dos dependentes de drogas que roubam para pagar por seu vício, opinou a
ministra. Mas, se eles se negarem
a mudar, a polícia deve criar um
"ambiente hostil" para eles. "Vamos ajudá-lo a mudar sua vida,
mas, se você quiser voltar a roubar, vamos estar no seu pé", disse.
Enquanto isso, foi anunciado
que crianças de até cinco anos de
idade serão criadas na prisão, juntamente com suas mães, na prisão
inglesa de Cornton Vale.
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