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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Governo libanês aprova envio de Exército
Decisão de empregar 15 mil soldados no sul do Líbano cumpre resolução do Conselho de Segurança e é bem recebida pelos EUA
Autoridades deixam claro, porém, que as tropas não irão desarmar Hizbollah à força; grupo diz que sua presença não será "visível"
Hussein Malla/Associated Press
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Soldado libanês caminha diante de tanques enfileirados em preparação para o envio das tropas ao sul do Líbano, em base do Exército no sul da capital, Beirute |
DA REDAÇÃO
O governo do Líbano aprovou ontem o envio de 15 mil soldados do Exército para o sul do
país, conforme determina a resolução do Conselho de Segurança aprovada na semana passada. Será a primeira vez em
duas décadas que o Exército libanês irá se posicionar ao longo
da fronteira israelense.
Os soldados começam a se
deslocar para a região ao sul do
rio Litani, a cerca de 20 km da
fronteira israelense, hoje pela
manhã. Ontem, Israel deu início à sua retirada da região e entregou algumas de suas posições à Unifil (força da ONU).
No entanto o gabinete libanês, que conta com dois ministros do Hizbollah, negou que as
tropas tenham como função o
desarmamento do grupo -apesar de ter emitido uma declaração dúbia, em que afirma que a
presença de "quaisquer grupos
armados ou autoridade fora da
jurisdição do Estado" será proibida. "Concordamos com essa
decisão sem reservas", disse o
ministro Mohammed Fneish,
do Hizbollah.
O premiê Fouad Siniora, em
pronunciamento à nação, disse
que "a missão do Exército é defender os direitos dos cidadãos,
o dever e o direito do Estado de
estender sua autoridade por todo o território do país, de modo
a que nenhuma arma exista fora de sua autoridade."
Mas o ministro da Informação, Ghazi Aridi, deixou claro
que a determinação não inclui
o Hizbollah: "Não haverá nenhum confronto com os irmãos
do Hizbollah. Não é essa a missão do Exército. Eles [soldados]
não vão perseguir ou se vingar.
Aliás, nossos irmãos do Hizbollah disseram que, se se encontrassem armas, deixariam que
o Exército ficasse a cargo delas", acrescentou.
O presidente Émile Lahoud
foi ainda mais incisivo que seus
colegas de gabinete: "As armas
da resistência [Hizbollah] foram as únicas, de todas as árabes, que tiveram sucesso em
confrontar e derrotar Israel.
Ninguém pode tirar suas armas, certamente não à força".
Força invisível
Além do desarmamento, outra questão controversa é a retirada do Hizbollah do sul do
país. Ontem, um de seus líderes, o xeque Nail Kaouk, disse
que o grupo xiita não terá uma
"presença militar visível". "No
passado, o Hizbollah não tinha
uma presença militar visível.
Tampouco terá agora."
Os EUA elogiaram o Líbano.
"Isso mostra o compromisso de
um governo democraticamente eleito de assegurar a paz e
sua disposição em atuar segundo a resolução da ONU", disse
Gonzalo Gallegos, porta-voz do
Departamento de Estado.
Em nota, o Exército de Israel
disse ter transferido para a
ONU mais de 50% das áreas
que ocupava. "O processo será
em estágios e está condicionado ao emprego da Unifil e à habilidade do Exército libanês de
controlar efetivamente a área."
"Catástrofe"
Ontem, a ministra francesa
da Defesa, Michele Alliot-Marie, disse que a França está disposta a liderar a força de paz
com 15 mil homens até fevereiro de 2007, desde que ela tenha
um mandato claro e força suficiente. O chanceler francês,
Philippe Douste-Blazy, está em
Beirute discutindo a questão
com autoridades libanesas.
"Quando você envia uma força e sua missão não é precisa o
suficiente, nem seus recursos
são bem adaptados ou grandes
o suficiente, isso pode levar a
uma catástrofe -mesmo para
os soldados que enviamos", disse Alliot-Marie.
A ONU pretende enviar os
primeiros 3.000 capacetes
azuis ao sul do Líbano dentro
de duas semanas. Apesar de
muitos países terem manifestado interesse em participar da
força, nenhum havia formalizado sua adesão até ontem.
Fontes do governo israelense
disseram que o país vetará nações com quem não tenha relações diplomáticas.
Com agências internacionais
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