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Ex-ditador do Paraguai, Stroessner morre aos 93
Morte ocorreu em Brasília, onde ele estava exilado desde que deixou o governo
General ficou 35 anos no poder, entre 1954 e 1989; nunca retornou ao Paraguai, onde era acusado de mortes e tortura de adversários
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Exilado no Brasil há 17 anos,
o ex-ditador paraguaio Alfredo
Stroessner (1954-1989) morreu
ontem em Brasília aos 93 anos
de choque séptico pulmonar
decorrente de complicações cirúrgicas. Ele estava internado
na UTI havia 18 dias, após uma
operação de hérnia.
A família tinha previsto realizar o velório na residência em
Brasília e não havia decidido se
iria enterrar o corpo do ex-general no Brasil ou repatriá-lo.
O governo paraguaio informou que não será concedida
nenhuma honra nesse caso
porque o ditador é procurado
pelo desaparecimento de dezenas de cidadãos e outras violações de direitos humanos ligados à Operação Condor.
Além disso, o filho do ditador, ex-coronel Gustavo Adolfo
Stroessner, também é exilado e
não poderia deixar o Brasil para
o enterro, sob pena do cumprimento de ordem de captura internacional. O Itamaraty não se
manifestou sobre a morte de
Stroessner.
Stroessner foi internado no
Hospital Santa Luzia após fazer
operação de hérnia inguinal bilateral e desenvolver uma
pneumonia. Devido ao estado
de saúde frágil -tinha doença
respiratória, hipertensão, insuficiência arterial e disfunção
cardíaca-, Stroessner não se
recuperou da pneumonia e passou os últimos quatro dias sob
sedativos e auxílio respiratório.
Segundo os médicos, pesava somente 45 quilos.
Ontem, às 11h20, sofreu choque séptico de origem pulmonar e falha renal, segundo laudo
dos médicos Marcelo Maia e
Sérgio Tamura.
"Considerando o poder que
ele já teve, é muito significativo
que sua morte tenha acontecido no exílio, sem amigos, sem
apoio, sem admiração ou respeito dos cidadãos paraguaios,
idoso e debilitado", disse à Folha Carlos Miranda, autor do livro "The Stroessner Era" (A
Era Stroessner).
Além disso, foi responsável,
ao lado do governo brasileiro,
pela construção da usina hidrelétrica de Itaipu. Ele foi removido do governo em 1989 pelo
golpe liderado pelo general Andrés Rodríguez e fugiu para o
Brasil, onde permaneceu exilado desde então.
Legado polêmico
Várias figuras que estiveram
no primeiro escalão do seu governo e que ainda continuam
no Partido Colorado não fazem
a defesa de seu regime.
"Para muitos, ele "morreu"
em 1989. As violações dos direitos humanos e o autoritarismo
ainda são muito lembrados
aqui", disse à Folha a jornalista
Patricia Vargas, do jornal "Última Hora", de Assunção.
"Mas algumas pesquisas dizem que, para muitos paraguaios, a economia e a segurança eram melhores em tempos
da ditadura."
Quem reivindica abertamente o legado de Stroessner é seu
neto, Alfredo "Goli" Stroessner
Domínguez. Ele criou no ano
passado um movimento dentro
do Partido Colorado chamado
Paz e Progresso, lema do ditador.
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