São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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Avião vindo de Londres é desviado nos EUA

Surto de ansiedade de passageira leva piloto a declarar estado de emergência, segundo normas antiterror

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Um avião que vinha de Londres, no Reino Unido, e tinha como destino o aeroporto internacional de Washington foi desviado no final do vôo da capital americana para Boston, no Estado de Massachusetts, depois de o piloto declarar "estado de emergência" pelo que chamou de um "distúrbio" com uma passageira de 59 anos.
Segundo informou primeiro o porta-voz do aeroporto de Boston, a mulher teria em sua bagagem de mão vaselina, chave de fenda, fósforos e escritos sobre a organização terrorista Al Qaeda em inglês e árabe. Em seguida, o porta-voz da autoridade de segurança dos aeroportos desmentiu as informações. Por fim, um porta-voz da empresa de aviação disse que o distúrbio teria envolvido não um, mas três passageiros. Relatórios policiais, no entanto, dão conta de que a mulher teria tido apenas um ataque de ansiedade causado por claustrofobia.
Ao ouvir o relato do incidente feito pelas comissárias de bordo no interfone, o piloto, Jon Regas, disse que decidiu agir segundo as normas de segurança em vigor desde o 11 de Setembro: na ausência de um agente federal à paisana no vôo, teria de avisar a torre mais próxima e pousar o avião. Foi o que fez, escoltado por dois jatos militares F-15, que foram desviados para a rota do vôo 923 da United.
Os 182 passageiros e 12 tripulantes chegaram a salvo ao aeroporto Logan, em Boston, onde eram esperados pela polícia. Enquanto eram entrevistados por agentes, tiveram suas bagagens espalhadas pela pista do aeroporto e farejadas por cães treinados, que não encontraram nada. A mulher, uma cidadã americana de Vermont, continuava detida, e os outros passageiros completaram a viagem em outros vôos.

Listas de passageiros
O incidente ocorre sob a tensão causada pelo anúncio na semana passada de um suposto plano terrorista frustrado pelo Reino Unido.
Ontem, o secretário do Departamento de Segurança Doméstica disse que o governo americano passará a exigir listas com informações dos passageiros de todos os vôos que se dirigirem aos EUA. Segundo Michael Chertoff, as listas deverão ser enviadas antes da decolagem, e a exigência será implantada "logo", talvez no começo do ano que vem.
Apesar das medidas de segurança mais restritivas implantadas nos aeroportos do Reino Unido, três falhas consecutivas foram detectadas nos últimos dias. No domingo, um celular -objeto proibido a bordo desde a última quinta- tocou durante um vôo da British Airways que partiu de Heathrow, em Londres, para os EUA.
Os passageiros entraram em pânico, e, como o dono do aparelho não foi localizado, o vôo retornou para Londres.
Anteontem, um garoto de 12 anos conseguiu embarcar, sem documentos nem passagem, em um vôo que partia do aeroporto de Gatwick, também na capital britânica, para Lisboa.
O garoto passou pelos detentores da área de embarque e pelos policiais, e só foi descoberto pela tripulação quando já estava dentro do avião.


Colaborou MARCO AURÉLIO CANÔNICO, de Londres

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