São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2011

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Embaixada no Brasil está isolada e sem dinheiro

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Fiel defensor de Muammar Gaddafi, o embaixador da Líbia no Brasil promete não abandonar o posto e diz que seguirá trabalhando apesar de a representação estar sem dinheiro e com dois funcionários líbios a menos.
"A embaixada segue funcionando, mas a situação é crítica", disse Salem Zubeidi à Folha em seu gabinete.
O embaixador não recebe remessa de Trípoli desde março, quando a ONU impôs, num gesto de apoio aos rebeldes, sanções econômicas que praticamente inviabilizaram a saída e entrada legal de fundos da Líbia.
Zubeidi está sem salário há sete meses. Os seis empregados líbios remanescentes também estão sem dinheiro. Só os funcionários brasileiros recebem o saldo mensal, graças a um fundo de reserva, que também permite o pagamento das contas.
O diplomata nega que os dois assessores que deixaram Brasília após o início do levante estejam entre as dezenas de funcionários de embaixadas líbias pelo mundo que desertaram.
"Eles estavam em fim de contrato e não foram substituídos por causa da guerra", afirma Zubeidi, que está há quatro anos no Brasil. Além das dificuldades operacionais, Zubeidi também sofre do isolamento imposto por boa parte dos embaixadores em Brasília.
Os diplomatas árabes deixaram de convidá-lo para as reuniões mensais dos representantes dos países da Liga Árabe no Brasil, num reflexo da decisão do bloco de suspender a adesão da Líbia.
Em contrapartida, o governo brasileiro continua amigável e receptivo, afirma o embaixador, que não acredita nos relatos de que o Brasil cogita reconhecer os rebeldes.
Há duas semanas, o ministro dos Transportes de Gaddafi, Mohammed Zaidan, fez escala em Brasília em meio a uma turnê na América do Sul para pressionar governos a não dar legitimadade aos insurgentes.
Zubeidi, no entanto, lamenta que o Brasil não use seu assento no Conselho de Segurança da ONU para pressionar pelo fim dos ataques da Otan (aliança militar ocidental) contra Gaddafi.
"Lula era mais propenso do que Dilma a inserir o Brasil em temas globais", diz.


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