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AMÉRICA LATINA
Em encontro com Uribe, presidente brasileiro formaliza proposta para que o Brasil seja sede do encontro
Lula oficializa oferta para diálogo ONU-Farc
Sergio Lima/Folha Imagem
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O presidente Lula faz saudação ao sair de hotel depois de reunião com Uribe (dir.), em Cartagena |
GABRIELA ATHIAS
ENVIADA ESPECIAL A
CARTAGENA DAS ÍNDIAS
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ofereceu ontem oficialmente
ao presidente colombiano, Álvaro
Uribe, o território brasileiro como
local neutro para sediar uma reunião entre a guerrilha terrorista
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e diplomatas
da ONU.
Uribe aceitou, dando a entender
que está disposto a retomar o diálogo interrompido desde fevereiro de 2002, seis meses antes de sua
posse. A expectativa de Bogotá é
que um encontro entre as Farc e a
ONU seja um primeiro passo para
pacificar a Colômbia, afetada por
quatro décadas de guerra civil.
Lula encontrou-se ontem com
Uribe, em Cartagena. Após a reunião, os dois presidentes participaram de uma cerimônia em homenagem aos 40 anos da OIC
(Organização Internacional do
Café), na mesma cidade.
"A Colômbia tem plena confiança na república irmã; o Brasil
está disposto a nos ajudar a fecharmos a fronteira ao narcotráfico, ao terrorismo, ao tráfico de armas e também, quando for o momento, a abrir as portas ao entendimento", disse Uribe.
Lula afirmou que a reunião só
ocorrerá no Brasil se e quando o
país for acionado oficialmente: "O
Brasil só moverá ação a pedido da
ONU e da Colômbia. Estou otimista porque a ONU vai se dedicar um pouco mais a essa questão".
Lula disse ainda que a paz na
Colômbia interessa à América Latina: "Faremos o que for possível
para manter a tranquilidade, a segurança e fortalecer a democracia
no continente".
Para o Brasil, há interesse estratégico em uma aproximação da
Colômbia com o Mercosul. O país
é o principal posto avançado dos
EUA no continente, que mantêm
tropas e colaboração militar no
combate à guerrilha e ao tráfico.
Se conseguir estreitar os laços
com a Colômbia, o Brasil em tese
ganha poder de fogo em negociações comerciais e políticas -como as da eventual instalação da
Área de Livre Comércio das Américas. Lula já havia dito, recentemente, que a Colômbia teria mais
a ganhar se se alinhasse ao Brasil.
O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia,
afirmou que as negociações para
uma reunião entre Farc e ONU no
Brasil só poderão ser consideradas "avançadas" quando o secretário-geral da ONU, Kofi Annan,
marcar a data do encontro.
Ficou acertado informalmente
entre a diplomacia de ambos os
países que, após o aceno da ONU,
o Itamaraty seria avisado pela
Chancelaria colombiana da intenção. Só então seria marcado o local. Ontem, a manchete do principal jornal colombiano, ""El Tiempo", informava que a reunião
ocorreria em Manaus, entre os
dias 15 e 31 de outubro. O governo
colombiano e Garcia negaram.
Preocupa especialmente à diplomacia brasileira a eventual impressão de que o Brasil está querendo auxiliar as Farc -o PT de
Lula é visto em vários círculos como simpático aos guerrilheiros,
que têm origem marxista. Daí os
cuidados para que fique claro que
o país está agindo ""a pedidos".
O assessor afirmou que Annan
poderá dar sinal verde ao Brasil,
durante a Assembléia Geral da
ONU, que foi aberta ontem em
Nova York. Lula irá discursar.
Garcia informou ainda que o
chanceler Celso Amorim reuniu-se anteontem, em Cartagena, com
James Lemoyne, delegado especial da ONU para assuntos referentes à Colômbia.
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