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São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Suspeitos são acusados de ataques à coalizão; em Washington, democratas exigem demissões no governo

EUA têm 8 supostos ocidentais sob custódia

DA REDAÇÃO

Um general dos EUA anunciou ontem a prisão, no Iraque, de seis pessoas que se dizem cidadãs americanas e de outras duas que alegam ser britânicas. As oito são suspeitas de envolvimento em ataques de guerrilha contra a coalizão anglo-americana - que, só no pós-guerra, causaram a morte de 72 soldados dos EUA e de 11 britânicos.
Se confirmadas as nacionalidades, seria a primeira vez desde o início da guerra, em março, que os EUA anunciam o envolvimento de ocidentais na resistência.
O general Janis Karpinski, responsável pelos centros de detenção no Iraque, afirmou que os suspeitos estão sendo interrogados pelo serviço de inteligência militar e são considerados "detentos de segurança" -uma classificação que distingue cerca de 4.400 pessoas capturadas pelos EUA dos prisioneiros de guerra e dos criminosos comuns. Ela não divulgou os nomes dos detidos nem a data de sua captura.
"Algumas informações são confidenciais", disse ela durante uma visita à prisão de Abu Ghraib, nas cercanias de Bagdá, onde os oito estão detidos. "Os detalhes são superficiais, e eles ficam mudando as histórias."

Precedentes
Até agora, os EUA vinham atribuindo os ataques a dois grupos, majoritariamente: simpatizantes do regime iraquiano deposto e combatentes estrangeiros que entrariam no país principalmente pela fronteira com o Irã. Mas, entre esses "combatentes estrangeiros", nunca foi mencionada a presença de ocidentais.
O último caso semelhante divulgado pelos EUA foi a prisão de John Walker Lindh, um cidadão americano capturado no Afeganistão em novembro de 2001, durante a ofensiva militar no país que se seguiu aos atentados de 11 de setembro de 2001. Os ataques foram praticados pela Al Qaeda -a rede terrorista que mantinha campos de treinamento em território afegão e a qual os EUA acusavam o regime Taleban, que governava o país, de proteger.
Lindh, apelidado de "Taleban americano", foi condenado a 20 anos de prisão após confessar prestar serviços ao Taleban.
Na prisão da base militar americana de Guantánamo, em Cuba, nove dos 660 detidos sob acusação de ligações com o Taleban ou a Al Qaeda são britânicos. Nenhum deles foi capturado no Iraque, segundo os militares.
No início da Guerra do Iraque, em março, o sargento americano Hasan Akbar teria atacado um acampamento militar no Kuait com uma granada. Akbar, que está preso nos EUA sob acusação de matar dois companheiros e de ferir 15, pode ser levado à corte marcial e condenado à morte.

"Bush precisa demitir"
Congressistas democratas (oposição) exortaram ontem o presidente George W. Bush a demitir um dos responsáveis pela política americana no Iraque, a fim de obter apoio internacional à reconstrução do país.
A líder dos democratas na Câmara, Nancy Pelosi, e o deputado John Murtha acusaram o governo de alimentar falsos temores de que o Iraque estaria prestes a usar armas de destruição em massa e de subestimar a resistência iraquiana e o custo da reconstrução.
"Alguém tem de sair", disse Murtha. "Até isso ocorrer não teremos apoio internacional."
O senador democrata Joseph Biden, da Comissão de Relações Exteriores, disse ter ouvido o mesmo pedido entre os republicanos (governistas). Segundo ele, os nomes mais citados seriam os do Secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, o do subsecretário Paul Wolfowitz e o da assessora de segurança nacional Condoleezza Rice. O subsecretário da Defesa para política, Douglas Feith, também teria sido mencionado.
Já o líder republicano na Câmara, Tom DeLay, rechaçou os pedidos. "Travar uma guerra contra o terror é algo nunca antes feito. É óbvio que haveria erros."


Com agências internacionais

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