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EUA não veem ameaça nas Américas
Estratégia Nacional de Inteligência não vê nenhum país latino-americano como capaz de desafiar interesses de Washington
Rússia, China, Coreia do Norte e Irã são citados como causa de preocupação tanto em questões convencionais quanto no ciberespaço
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
A parte pública da nova Estratégia Nacional de Inteligência dos EUA menciona China,
Rússia, Irã e Coreia do Norte
como os países que têm a capacidade de "desafiar os interesses americanos", seja por meios
convencionais, como espionagem ou força militar, ou "emergentes", como a invasão de
computadores.
Nenhum país latino-americano é citado diretamente no
texto, que tem um anexo secreto e é o primeiro na área de segurança nacional divulgado na
Presidência de Barack Obama.
Os EUA costumam rever periodicamente suas estratégias
de defesa. É uma maneira formal de prestar contas dos gastos com o setor, mas esses documentos são vistos também
como indicadores de orientação doutrinária.
O novo texto foi divulgado
anteontem pelo diretor nacional de Inteligência, Dennis
Blair, que tem a missão de coordenar as 16 agências de espionagem e contraespionagem.
Embora reconheça que a
China "compartilha muitos interesses" com os EUA, o documento diz que "sua diplomacia
com foco cada vez maior em recursos naturais e sua modernização militar estão entre os fatores que a tornam um desafio
global complexo".
A Rússia é vista como "parceira" em áreas como o combate à proliferação nuclear, mas
"pode continuar a buscar meios
de reafirmar poder e influência" que levem a choques com
os EUA. Irã e Coreia do Norte
são mencionados devido a seus
programas nucleares.
Ao apresentar a estratégia,
Blair disse que o 11 de Setembro
não teria ocorrido se as agências de espionagem estivessem
organizadas como hoje. Ele
afirmou que grupos não estatais continuam sendo um desafio ao poder dos EUA, mas suas
diretrizes trazem uma diferença importante: em vez de "terrorismo islâmico", fala-se de
"grupos extremistas violentos".
São também mencionados
"insurgentes que desestabilizam regiões de interesse estratégico" e "organizações criminosas transnacionais", incluindo as do narcotráfico. A presença militar americana na América Latina tem como vetores essas duas ameaças.
Como "tendências" que representam risco, mas também
oportunidades para a "liderança global americana", são citadas a crise econômica, as mudanças climáticas e as mudanças tecnológicas.
Para enfrentar as ameaças, a
estratégia enfatiza a contraespionagem e a segurança do ciberespaço. A infraestrutura digital dos EUA é descrita como
"nem segura nem resistente".
A publicação coincidiu com a
revisão anual da geopolítica
mundial feita pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres.
O estudo do IISS diz que nos
próximos anos "haverá limites"
para a política externa dos EUA
e recomenda que o país construa "coalizões dos relevantes",
representadas por grupos como o G20. E recomenda aos
EUA buscar apoio de Rússia,
Irã, China e Índia para resolver
o conflito no Afeganistão.
Sobre a América Latina, o estudo avalia que a região "caminha para políticas mais pragmáticas que facilitarão a relação" com o governo Obama.
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