São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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EUA não veem ameaça nas Américas

Estratégia Nacional de Inteligência não vê nenhum país latino-americano como capaz de desafiar interesses de Washington

Rússia, China, Coreia do Norte e Irã são citados como causa de preocupação tanto em questões convencionais quanto no ciberespaço


CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO

A parte pública da nova Estratégia Nacional de Inteligência dos EUA menciona China, Rússia, Irã e Coreia do Norte como os países que têm a capacidade de "desafiar os interesses americanos", seja por meios convencionais, como espionagem ou força militar, ou "emergentes", como a invasão de computadores.
Nenhum país latino-americano é citado diretamente no texto, que tem um anexo secreto e é o primeiro na área de segurança nacional divulgado na Presidência de Barack Obama.
Os EUA costumam rever periodicamente suas estratégias de defesa. É uma maneira formal de prestar contas dos gastos com o setor, mas esses documentos são vistos também como indicadores de orientação doutrinária.
O novo texto foi divulgado anteontem pelo diretor nacional de Inteligência, Dennis Blair, que tem a missão de coordenar as 16 agências de espionagem e contraespionagem.
Embora reconheça que a China "compartilha muitos interesses" com os EUA, o documento diz que "sua diplomacia com foco cada vez maior em recursos naturais e sua modernização militar estão entre os fatores que a tornam um desafio global complexo".
A Rússia é vista como "parceira" em áreas como o combate à proliferação nuclear, mas "pode continuar a buscar meios de reafirmar poder e influência" que levem a choques com os EUA. Irã e Coreia do Norte são mencionados devido a seus programas nucleares.
Ao apresentar a estratégia, Blair disse que o 11 de Setembro não teria ocorrido se as agências de espionagem estivessem organizadas como hoje. Ele afirmou que grupos não estatais continuam sendo um desafio ao poder dos EUA, mas suas diretrizes trazem uma diferença importante: em vez de "terrorismo islâmico", fala-se de "grupos extremistas violentos".
São também mencionados "insurgentes que desestabilizam regiões de interesse estratégico" e "organizações criminosas transnacionais", incluindo as do narcotráfico. A presença militar americana na América Latina tem como vetores essas duas ameaças.
Como "tendências" que representam risco, mas também oportunidades para a "liderança global americana", são citadas a crise econômica, as mudanças climáticas e as mudanças tecnológicas.
Para enfrentar as ameaças, a estratégia enfatiza a contraespionagem e a segurança do ciberespaço. A infraestrutura digital dos EUA é descrita como "nem segura nem resistente".
A publicação coincidiu com a revisão anual da geopolítica mundial feita pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres.
O estudo do IISS diz que nos próximos anos "haverá limites" para a política externa dos EUA e recomenda que o país construa "coalizões dos relevantes", representadas por grupos como o G20. E recomenda aos EUA buscar apoio de Rússia, Irã, China e Índia para resolver o conflito no Afeganistão.
Sobre a América Latina, o estudo avalia que a região "caminha para políticas mais pragmáticas que facilitarão a relação" com o governo Obama.


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