São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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Unesco começa hoje a votar para escolher novo diretor-geral

Entre os 9 candidatos, Brasil apoia egípcio acusado de antissemitismo, e EUA preferem equatoriana

DA SUCURSAL DO RIO

A Unesco (organização da ONU para a educação, ciência e cultura) começa hoje a votação para a escolha de seu novo diretor-geral, ainda sob a polêmica provocada pelas acusações de antissemitismo contra o ministro da Cultura do Egito, Farouk Hosny, que era até maio o candidato favorito.
Os EUA, responsáveis por cerca de 20% do orçamento da entidade, estimularam o lançamento de novos nomes e hoje, entre nove candidatos, apoiam a do Equador, Ivonne Baki, presidente do Parlamento Andino.
O Brasil mantém seu apoio à candidatura egípcia, em nome da aproximação entre os países árabes e a América do Sul. O brasileiro Márcio Barbosa, vice-diretor da Unesco (cargo concursado), chegou a ser cogitado para a disputa, mas não teve endosso oficial.
A escolha é feita pelo Conselho Executivo da organização, sediada em Paris e que lida com temas politicamente sensíveis como democratização da informação e preservação do patrimônio histórico. Os EUA boicotaram a Unesco entre 1983 e 2003, acusando-a de promover políticas terceiro-mundistas e anti-israelenses.
O Conselho Executivo tem 58 integrantes, e são necessários 30 votos para a sagração do novo diretor. A votação se repete com intervalos de dois dias, eliminando os últimos colocados, até que alguém obtenha a maioria mais um. O atual diretor, o japonês Koichiro Matsuura, foi eleito na terceira rodada, há dez anos, e termina seu segundo mandato.
Nas últimas semanas, o candidato egípcio parece ter recuperado algum terreno, depois que o governo israelense, em acordo com o Egito, concordou em suspender campanha explícita contra ele.
No "New York Times", o colunista Roger Cohen defendeu que, apesar das restrições a Hosny, sua vitória seria importante em virtude da meta de reaproximação dos EUA com o mundo islâmico.
Hosny foi acusado de antissemitismo após afirmar, no Parlamento egípcio, que queimaria livros em hebraico encontrados em instituições oficiais. Ele diz que sua intenção era calar um opositor da Irmandade Muçulmana que o interpelara sobre o tema e tem propagandeado a restauração de sinagogas sob suas ordens.
Entre as candidaturas fortes estão também a da austríaca Benita Ferraro-Waldner, ex-comissária europeia de Relações Exteriores, a do russo Alexander Yakovenko, vice-ministro do Exterior, e a do beninense Noureini Tidjani-Serpos, diretor da Unesco para a África.
Mas a austríaca esbarra no fator geopolítico. Em seus 64 anos, a Unesco foi dirigida por europeus ocidentais várias vezes. Árabes e europeus do Leste nunca comandaram a entidade, e latino-americanos o fizeram por menos de um ano.
O escolhido pelo Conselho Executivo será submetido, a partir de 6 de outubro, à aclamação da Conferência Geral, de 193 países. (CLAUDIA ANTUNES)


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