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Unesco começa hoje
a votar para escolher novo diretor-geral
Entre os 9 candidatos, Brasil apoia egípcio acusado de antissemitismo, e EUA preferem equatoriana
DA SUCURSAL DO RIO
A Unesco (organização da
ONU para a educação, ciência e
cultura) começa hoje a votação
para a escolha de seu novo diretor-geral, ainda sob a polêmica
provocada pelas acusações de
antissemitismo contra o ministro da Cultura do Egito, Farouk
Hosny, que era até maio o candidato favorito.
Os EUA, responsáveis por
cerca de 20% do orçamento da
entidade, estimularam o lançamento de novos nomes e hoje,
entre nove candidatos, apoiam
a do Equador, Ivonne Baki, presidente do Parlamento Andino.
O Brasil mantém seu apoio à
candidatura egípcia, em nome
da aproximação entre os países
árabes e a América do Sul. O
brasileiro Márcio Barbosa, vice-diretor da Unesco (cargo
concursado), chegou a ser cogitado para a disputa, mas não teve endosso oficial.
A escolha é feita pelo Conselho Executivo da organização,
sediada em Paris e que lida com
temas politicamente sensíveis
como democratização da informação e preservação do patrimônio histórico. Os EUA boicotaram a Unesco entre 1983 e
2003, acusando-a de promover
políticas terceiro-mundistas e
anti-israelenses.
O Conselho Executivo tem
58 integrantes, e são necessários 30 votos para a sagração do
novo diretor. A votação se repete com intervalos de dois dias,
eliminando os últimos colocados, até que alguém obtenha a
maioria mais um. O atual diretor, o japonês Koichiro Matsuura, foi eleito na terceira rodada, há dez anos, e termina
seu segundo mandato.
Nas últimas semanas, o candidato egípcio parece ter recuperado algum terreno, depois
que o governo israelense, em
acordo com o Egito, concordou
em suspender campanha explícita contra ele.
No "New York Times", o colunista Roger Cohen defendeu
que, apesar das restrições a
Hosny, sua vitória seria importante em virtude da meta de
reaproximação dos EUA com o
mundo islâmico.
Hosny foi acusado de antissemitismo após afirmar, no
Parlamento egípcio, que queimaria livros em hebraico encontrados em instituições oficiais. Ele diz que sua intenção
era calar um opositor da Irmandade Muçulmana que o interpelara sobre o tema e tem
propagandeado a restauração
de sinagogas sob suas ordens.
Entre as candidaturas fortes
estão também a da austríaca
Benita Ferraro-Waldner, ex-comissária europeia de Relações Exteriores, a do russo Alexander Yakovenko, vice-ministro do Exterior, e a do beninense Noureini Tidjani-Serpos, diretor da Unesco para a África.
Mas a austríaca esbarra no
fator geopolítico. Em seus 64
anos, a Unesco foi dirigida por
europeus ocidentais várias vezes. Árabes e europeus do Leste
nunca comandaram a entidade,
e latino-americanos o fizeram
por menos de um ano.
O escolhido pelo Conselho
Executivo será submetido, a
partir de 6 de outubro, à aclamação da Conferência Geral,
de 193 países.
(CLAUDIA ANTUNES)
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