São Paulo, quinta-feira, 17 de outubro de 2002

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ÁSIA

Autoridades americanas afirmam que Pyongyang reconheceu desenvolver armas nucleares secretamente, violando tratado internacional

Coréia do Norte admite programa nuclear, dizem EUA

DA REDAÇÃO

Num episódio surpreendente que abre espaço para uma nova crise na Ásia, autoridades americanas afirmaram que a Coréia do Norte reconheceu estar desenvolvendo um programa de armas nucleares. Essa seria uma clara violação do tratado de 1994, em que o país se comprometia a congelar o seu programa nuclear.
Segundo uma autoridade americana consultada pela agência de notícias Reuters, o governo Bush crê que as atividades da Coréia do Norte "efetivamente anularam o acordo de 1994".
O reconhecimento de que tem um programa de armas nucleares teria vindo durante uma viagem do secretário assistente de Estado dos EUA, James Kelly, à capital norte-coreana, Pyongyang, no começo do mês.
Kelly teria apresentado uma documentação que comprovaria as atividades nucleares. Depois de uma negativa inicial, as autoridades norte-coreanas acabaram admitindo a existência de um programa secreto de armas envolvendo o uso de urânio enriquecido, afirmam membros do alto escalão do governo Bush.
Washington ainda não havia se manifestado até a noite de ontem sobre as medidas que pretende tomar ou quais os próximos passos nas relações com o país asiático, que vem procurando uma maior cooperação com a comunidade internacional.
A Casa Branca deve consultar o Congresso e os países aliados para determinar sua linha de ação, disseram autoridades.
O presidente Bush incluiu a Coréia do Norte junto com Irã e Iraque no que ele chamou de "eixo do mal", de Estados que estariam desenvolvendo armas de destruição em massa e dando apoio ao terrorismo internacional.
Todo o esforço do Executivo americano em aprovar um ataque ao Iraque baseia-se na afirmativa de que o país do Oriente Médio desenvolve armas de destruição em massa nucleares, químicas e biológicas.
A Coréia do Norte tem um dos regimes mais fechados do mundo e é dirigida com mão de ferro pelo ditador Kim Jong-il. Enfrentando a ameaça de uma onda de fome, o ditador vem buscando abrir o país e captar ajuda humanitária.
Embora a linha dura do governo americano advogue o fim dos diálogos com os norte-coreanos, analistas afirmam que Bush deve ser forçado a procurar uma maneira de continuar as conversações com Pyongyang.
Aliados americanos como Japão e Coréia do Sul são a favor de continuar o diálogo.


Com agências internacionais


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