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ELEIÇÕES
Descendentes e residentes no Brasil participaram ontem das primárias que escolherão rival do premiê Berlusconi
Itália elege líder da oposição com voto de fora
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Italianos residentes no Brasil e
descendentes tiveram ontem a
chance de votar pela primeira vez
nas eleições primárias de uma
coalizão política italiana. A Unione, de centro-esquerda, realizou
em toda a Itália e em países onde
há comunidades italianas a votação que escolherá o adversário do
premiê Silvio Berlusconi na próxima corrida eleitoral do país.
Resultados preliminares apontam que o ex-primeiro-ministro e
ex-presidente da Comissão Européia Romano Prodi recebeu 75%
dos votos nas primárias, que tiveram a participação de 2 milhões
de eleitores em território italiano.
No sul da Calábria, um candidato
foi assassinado quando saía de
um centro de votação, à maneira
da Máfia da região. Os motivos do
crime vão ser investigados.
São Paulo
Em São Paulo, Prodi recebeu
650 votos de um total de 703 totalizados no pleito, realizado ontem
no Circolo Italiano, localizado no
centro da cidade. O Rio de Janeiro
também participou do processo
das primárias.
A eleição de ontem ganhou importância depois que pesquisas
indicaram a queda de popularidade de Berlusconi, atingido pela
má situação econômica no país e
por graves escândalos, como o envolvendo o banco central italiano
e seu presidente -que teria passado informações privilegiadas
em um processo de compra de
um banco. O atual premiê também introduziu recentemente
uma reforma eleitoral que poderá
favorecê-lo no próximo pleito,
mas que ainda precisa ser aprovada pelo Senado.
Na capital paulista, os eleitores
das primárias da Unione só tiveram de apresentar um documento que comprovasse a ascendência italiana. A participação da comunidade no Brasil foi estimulada por uma lei sancionada em
2002 que permite a detentores da
cidadania italiana que votem nas
eleições gerais. O próximo pleito,
marcado para meados do ano que
vem, vai definir a formação do
novo Legislativo do país e, por
conseguinte, o próximo premiê.
Isso significa que o Parlamento
poderá ter representantes de eleitores que nunca pisaram em solo
italiano. Eles poderão eleger 12
deputados e três senadores de
quatro representações: América
do Norte, América do Sul, Europa
e resto do mundo.
Extensão da democracia
Sandro Benedetti Isidori, residente há 25 anos no Brasil e representante dos Socialisti Democratici Italiani (SDI) na América Latina, partido que integra a Unione,
diz que é importante estender o
processo democrático a todos os
cidadãos italianos, segundo ele
uma prova de tolerância e de esforço de integração dos italianos.
"Vemos que muitos imigrantes
não são aceitos na Itália, e os italianos são um povo imigrante",
disse Isidori. Ele reconheceu, porém, que poderá haver a participação nas eleições gerais de pessoas com pouca informação sobre
o cenário político italiano.
O engenheiro paulistano Luiz
Nocciolini, 39, compareceu ontem ao Circolo Italiano e votou
em Romano Prodi para líder da
Unione. Nocciolini foi à votação
acompanhado do pai, da mãe e de
suas irmãs e afirmou que não conhecia muito bem o ex-primeiro-ministro italiano nem estava informado sobre as recentes notícias do país.
"Participei porque fui ao Consulado Italiano para completar o
processo para obter a cidadania
italiana e lá me disseram que seria
importante votar para exercer os
meus direitos como cidadão italiano", afirmou o engenheiro
paulista, que escolheu Romano
Prodi por indicação do pai.
Segundo Sandro Benedetti Isidori, na América Latina existem
680 mil pessoas que têm direito a
voto nas eleições italianas. "Mas,
potencialmente, há 3 milhões de
pessoas no continente que poderiam participar da votação", diz.
A população da Itália é atualmente de 58 milhões.
Gian Battista Serra, representante no Brasil do SDI, afirma que
a importância de residentes no
exterior e descendentes terem representantes no Parlamento italiano está em conquistar benefícios no país em que vivem.
"A comunidade italiana é a única dentre as principais em São
Paulo que não possui um hospital, isso é grave", afirma Serra. Ernani Nocciolini, 67, pai de Luiz,
declarou que sua participação
também estava relacionada a conquistar um benefício como esse.
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