São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 2006

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Elo europeu é mais forte entre jovens, diz pesquisa

Estudo de identidade européia saiu na "Science"

DA REDAÇÃO

Cidadãos de países europeus com 18 anos ou pouco mais que isso estão mais propensos a se definir por uma dupla identidade nacional -a européia e a do país do qual têm a nacionalidade. Conforme a idade avança, no entanto, ocorre justamente o inverso, com as pessoas sentindo-se mais nacionais de seus países e menos cidadãs de uma Europa integrada.
É o que revela estudo de três demógrafos, um luxemburguês e dois austríacos, a ser publicado pela revista "Science".
O trabalho se baseia no Barômetro Europeu, ampla pesquisa de opinião entre as populações dos países membros da União Européia, que hoje são 25. Segundo ele, em 2004, 42% da população maior de idade consideravam-se apenas nacionais de seus países, enquanto 58% se consideravam em alguma proporção também de identidade européia.
Os países em que a múltipla identidade era maior são Luxemburgo (78%), Itália (72%), França (68%) e Espanha (64%). Aqueles em que a identidade européia é menor são o Reino Unido (40% de dupla identidade), Finlândia (43%), Suécia (45%) e Grécia (46%).
A novidade do estudo publicado pela "Science" está no destrinchamento desses resultados por faixa etária. Mais de 80% dos entrevistados com menos de 24 anos sentiam-se também europeus. Mas na faixa acima dos 70 anos esse sentimento de dupla identidade caía para menos de 60%.
Os autores do estudo acreditam que a dupla identidade se manterá nesse segmento da população, conforme ela for envelhecendo. Com isso, afirmam, em 2030 serão 226 milhões os europeus com dupla identidade nacional, a de seus países e a européia, contra 104 milhões que se definirão apenas pela identidade nacional -italiana, sueca ou grega, por exemplo.
Os três pesquisadores assinalam, ainda, que esses resultados favoráveis à dupla identidade coincidem com um período em que o processo de integração da União Européia foi atropelado pelos plebiscitos da França e da Holanda, que rejeitaram em 2005 o projeto de Constituição para o bloco.
Também têm sido problemáticos os apelos nacionalistas em meio à discussão do Orçamento comunitário. Alguns grupos organizados e partidos políticos tendem a raciocinar sobre aquilo que seus países recebem da UE, concluindo que é muito pouco se comparado ao que a Europa custa de impostos para os seus contribuintes.
Esses fatores políticos, dizem os pesquisadores, não chegam a afetar em cheio a identidade nacional européia de uma parcela majoritária da população. E essa identidade "é crucial para a legitimidade do sistema político" gerido pela UE.


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