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Ataque no Sri Lanka mata pelo menos 92 e fere 150
Caminhão-bomba foi detonado contra comboio que levava soldados em férias
Ataque suicida é o maior ocorrido no país, onde 65 mil já morreram em conflito entre Forças Armadas e guerrilha dos Tigres Tâmeis
DA REDAÇÃO
O pior atentado suicida na
história do Sri Lanka deixou
pelo menos 92 soldados mortos
e mais de 150 feridos ontem,
quando supostos guerrilheiros
do grupo Tigres Tâmeis explodiram um caminhão ao lado de
vinte ônibus repletos de marinheiros cingaleses entre Dambulla e Habarana, a 150 km da
capital, Colombo.
O Ministério da Defesa disse
que o comboio era composto
por 24 ônibus -15 foram atingidos pela explosão, dois deles
diretamente. As vítimas eram,
na maioria, soldados da Marinha que viajavam para suas casas em férias, retornando da
base de Trincomalee, no nordeste do país. Também há civis
mortos, segundo o governo.
"Esse ataque contra marinheiros desarmados demonstra que os Tigres não querem
negociar a paz", afirmou Keheliya Rambukwella, porta-voz
da Defesa. Embora o governo e
a polícia suspeitem dos Tigres
Tâmeis, o grupo não reivindicou a autoria do atentado.
Desde 1983, o país está em
guerra civil -65 mil pessoas já
morreram. Só neste ano, foram
2.300 mortos. Os Tigres Tâmeis lutam por um Estado para
a minoria tâmil, discriminada
pela maioria cingalesa.
O atentado coincide com
uma semana de vários esforços
diplomáticos para tentar diminuir a violência entre as Forças
Armadas cingalesas e os Tigres.
Na quarta-feira passada, violentos combates no norte da
ilha deixaram 133 militares e 22
rebeldes mortos.
Governo e guerrilha tinham
concordado em retomar o diálogo de paz em uma reunião
marcada para o final de outubro em Genebra.
Os Tigres Tâmeis exigem a
autonomia do nordeste do país,
mas a Suprema Corte do Sri
Lanka determinou ontem a divisão em dois da Província sobre a qual os rebeldes exercem
uma autoridade de fato. Desde
1998, a região era reconhecida
como uma só Província. Sua divisão deve aumentar ainda
mais as tensões entre a guerrilha e o governo em Colombo.
Discriminação e terror
Antigo Ceilão, o Sri Lanka é
uma ilha pouco maior que o Estado da Paraíba, localizada no
oceano Índico, perto do sul da
Índia, com 20 milhões de habitantes. Obteve a independência
em 1948 e é membro da Comunidade Britânica de Nações.
Nos anos 50, o cingalês passou a ser o idioma nacional,
com a aprovação da Lei da Língua Oficial. A lei impedia o
acesso da minoria tâmil ao funcionalismo público e à educação superior e resultou numa
crescente onda de violência.
Na década de 70, surgiu a
Frente Tâmil Unida pela Libertação (FTUL), disposta a lutar
politicamente pela criação de
um Estado Tâmil independente. Mas a intensificação da violência e dos atentados contra
membros do governo comandados pelos rebeldes Tigres Tâmeis fez o governo radicalizar a
luta contra a guerrilha.
Sob o patrocínio da Noruega,
foi assinado em fevereiro de
2002 um cessar-fogo, que só foi
respeitado até 2004.
Com agências internacionais
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