São Paulo, terça-feira, 17 de outubro de 2006

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Ataque no Sri Lanka mata pelo menos 92 e fere 150

Caminhão-bomba foi detonado contra comboio que levava soldados em férias

Ataque suicida é o maior ocorrido no país, onde 65 mil já morreram em conflito entre Forças Armadas e guerrilha dos Tigres Tâmeis

DA REDAÇÃO

O pior atentado suicida na história do Sri Lanka deixou pelo menos 92 soldados mortos e mais de 150 feridos ontem, quando supostos guerrilheiros do grupo Tigres Tâmeis explodiram um caminhão ao lado de vinte ônibus repletos de marinheiros cingaleses entre Dambulla e Habarana, a 150 km da capital, Colombo.
O Ministério da Defesa disse que o comboio era composto por 24 ônibus -15 foram atingidos pela explosão, dois deles diretamente. As vítimas eram, na maioria, soldados da Marinha que viajavam para suas casas em férias, retornando da base de Trincomalee, no nordeste do país. Também há civis mortos, segundo o governo.
"Esse ataque contra marinheiros desarmados demonstra que os Tigres não querem negociar a paz", afirmou Keheliya Rambukwella, porta-voz da Defesa. Embora o governo e a polícia suspeitem dos Tigres Tâmeis, o grupo não reivindicou a autoria do atentado.
Desde 1983, o país está em guerra civil -65 mil pessoas já morreram. Só neste ano, foram 2.300 mortos. Os Tigres Tâmeis lutam por um Estado para a minoria tâmil, discriminada pela maioria cingalesa.
O atentado coincide com uma semana de vários esforços diplomáticos para tentar diminuir a violência entre as Forças Armadas cingalesas e os Tigres. Na quarta-feira passada, violentos combates no norte da ilha deixaram 133 militares e 22 rebeldes mortos.
Governo e guerrilha tinham concordado em retomar o diálogo de paz em uma reunião marcada para o final de outubro em Genebra.
Os Tigres Tâmeis exigem a autonomia do nordeste do país, mas a Suprema Corte do Sri Lanka determinou ontem a divisão em dois da Província sobre a qual os rebeldes exercem uma autoridade de fato. Desde 1998, a região era reconhecida como uma só Província. Sua divisão deve aumentar ainda mais as tensões entre a guerrilha e o governo em Colombo.

Discriminação e terror
Antigo Ceilão, o Sri Lanka é uma ilha pouco maior que o Estado da Paraíba, localizada no oceano Índico, perto do sul da Índia, com 20 milhões de habitantes. Obteve a independência em 1948 e é membro da Comunidade Britânica de Nações.
Nos anos 50, o cingalês passou a ser o idioma nacional, com a aprovação da Lei da Língua Oficial. A lei impedia o acesso da minoria tâmil ao funcionalismo público e à educação superior e resultou numa crescente onda de violência.
Na década de 70, surgiu a Frente Tâmil Unida pela Libertação (FTUL), disposta a lutar politicamente pela criação de um Estado Tâmil independente. Mas a intensificação da violência e dos atentados contra membros do governo comandados pelos rebeldes Tigres Tâmeis fez o governo radicalizar a luta contra a guerrilha.
Sob o patrocínio da Noruega, foi assinado em fevereiro de 2002 um cessar-fogo, que só foi respeitado até 2004.


Com agências internacionais


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