São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2011

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Potências são 'inoperantes' na questão palestina, afirma Patriota

Chanceler defende que o Quarteto dê lugar ao Conselho de Segurança nas negociações de paz

Ministro afirma que há risco grande de guerra civil na Síria e defende abstenção do Brasil em resolução contra Assad

CLAUDIA ANTUNES
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O Conselho de Segurança da ONU precisa assumir a responsabilidade pela resolução do conflito entre Israel e palestinos porque o Quarteto formado por EUA, União Europeia, Rússia e o secretário-geral da ONU se mostrou "inoperante", afirma o chanceler Antonio Patriota.
À Folha, o ministro diz que o Brasil se absteve na última resolução sobre a Síria para evitar a "dinâmica de polarização" entre os membros permanentes do CS e manter espaço de negociação. Também criticou os países que lideram a força de intervenção na Líbia por tomarem decisões como o envio de armas aos rebeldes. Veja trechos de sua entrevista.

 


Abstenção na Síria
Estávamos trabalhando junto com Índia e África do Sul para promover o consenso no CS. Quando constatamos que havia uma dinâmica da polarização entre os membros permanentes, decidimos nos abster. Isso também preserva certa capacidade diplomática, até para negociar a ida à Síria da comissão investigadora do Conselho de Direitos Humanos. Nós condenamos a repressão contra manifestantes desarmados, mas buscamos soluções que levem a uma transição para melhores formas de governo pela via da negociação. O uso da força deve ser o último recurso, sobretudo para não piorar uma situação já desestabilizadora. Há um risco grande na Síria de guerra civil, de descontrole.

Intervenção humanitária Estamos funcionando sob a sombra do que aconteceu no Iraque. A intervenção sem autorização do CS, sob pretextos variados, gerou instabilidade, milhões de refugiados, centenas de milhares de mortos civis. Isso levou a presidenta Dilma a dizer na Assembleia Geral da ONU que a responsabilidade de proteger [civis] é um conceito que não implica em automatismo do uso da força. Por isso ela falou em responsabilidade "ao" proteger. Não se pode receitar um remédio que piore a doença.

Questão palestina
Há uma frustração enorme com a inoperância da metodologia atual. O Quarteto [grupo formado por EUA, Rússia, União Europeia e o secretário-geral da ONU], que ficou incumbido de promover negociações, em algumas das últimas reuniões não foi nem sequer capaz de produzir um relatório consensual. Por isso defendemos que a ONU assuma sua responsabilidade. Vamos e venhamos, o Conselho de Segurança foi criado para cuidar dos maiores desafios à paz e à segurança. Qual será o maior desafio hoje em dia? É a questão Israel-Palestina.

Ibas e Brics
A gênese dos dois fóruns é diferente. O Ibas [Índia, Brasil e África do Sul] é fruto de uma ação deliberada da diplomacia dos três países, de aproximar três grandes democracias de três continentes para criar sinergias. A agenda dos Brics [formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] visa a transformação da governança global, para torná-la mais democrática e representativa. Mas China e Rússia já são potências estabelecidas.

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