São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 2011

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Acordo livrará 288 da prisão perpétua

Israel deve libertar amanhã 477 dos 1.027 detentos palestinos que concordou em trocar pelo soldado Gilad Shalit

Famílias de vítimas de atentados entram com recursos na Justiça de Israel para tentar barrar a negociação

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Mais de metade dos prisioneiros palestinos que Israel colocará em liberdade amanhã, em troca do soldado Gilad Shalit, cumpre pena de prisão perpétua por acusação de terrorismo.
É o que informa a lista divulgada ontem pelo serviço penitenciário israelense. Ela inclui 477 nomes, que formam a primeira leva de prisioneiros libertados. Pelo acordo fechado entre Israel e o grupo extremista Hamas, dentro de dois meses será a vez de um segundo grupo sair da cadeia, totalizando 1.027 palestinos em troca do soldado israelense.
Em meio aos preparativos para a troca de presos prevista para amanhã, parentes de vítimas de atentados entraram com recursos na Suprema Corte de Israel na última tentativa de barrar o acordo.
Um deles foi Yitzchak Maoz, 64, que perdeu a filha Tehila,18, no atentado suicida em uma pizzaria de Jerusalém, em 2001. Na explosão, morreram 15 pessoas, entre elas o brasileiro Giora Balazs.
Na lista de perdoados também está Ahlam Tamimi, 31, condenada a 16 penas de prisão perpétua. Foi ela que levou o suicida até a pizzaria.
Para o pai da vítima, o acordo encorajará mais atos de violência. "Isso aumentará o terrorismo no país e em todo o mundo", disse Maoz, afirmando que tem pouca esperança de que o Supremo acate os recursos.
Com base em trocas de prisioneiros feitas no passado, pode-se esperar que os juízes considerem a decisão uma prerrogativa do governo e não se intrometam.
Embora o clima geral entre os israelenses seja de festa e alívio, após cinco anos de expectativa e campanha nacional pela libertação de Shalit, os recursos no Supremo refletem uma preocupação que está no ar. Como se previa, a lista divulgada ontem não inclui alguns prisioneiros de alto calibre político, como o líder da segunda intifada (levante palestino), Marwan Barghouti.
Mas entre os que serão libertados estão 288 prisioneiros que cumpriam prisão perpétua. A sentença mais alta a ser anulada pelo acordo é a de Walid Abdel-Hadi, 31, condenado a 36 penas perpétuas.
O número de penas geralmente equivale ao de mortes causadas pelos ataques que o réu cometeu. A previsão é de que o soldado israelense seja levado amanhã para o Egito, de onde seguirá de helicóptero para Israel. Os prisioneiros palestinos libertados serão divididos em quatro destinos. Mais da metade será enviada à faixa de Gaza, outra parte para a Cisjordânia, 6 para Israel e 41 serão expulsos do país.


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