|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ativista chinês vive no limbo em aeroporto japonês de Narita
DO "FINANCIAL TIMES", EM NARITA
Muitos viajantes se irritam
caso levem mais de uma hora
para deixar o avião e passar pelo controle de passaportes. Pois
o ativista chinês dos direitos
humanos Feng Zhenghu está
vivendo na zona cinzenta entre
o portão de chegada e os postos
de imigração do aeroporto de
Narita há quase duas semanas.
Em um caso que atrai comparações com "O Terminal"
(2004), filme protagonizado
por Tom Hanks, Feng vem assombrando os salões do aeroporto japonês desde que a polícia de Xangai o impediu de retornar ao seu país, no dia 4.
A presença de Feng na terra
de ninguém aeroportuária resulta de sua indignação diante
do tratamento que lhe foi dado
pelas autoridades chinesas e
pela companhia aérea japonesa
All Nippon Airways.
Feng, um ativista chinês dos
direitos humanos, diz que a polícia de Xangai, com assistência
de um funcionário da companhia aérea, o forçou fisicamente a embarcar em um voo de retorno ao Japão, depois que foi
impedido de voltar para casa
pela oitava vez.
"Recuso-me a entrar no Japão. Que um chinês seja sequestrado e trazido ao Japão
dessa maneira é uma humilhação para mim e uma humilhação para a China", diz ele.
Feng apelou ao presidente
dos EUA, Barack Obama, que
está visitando a China, por mais
atenção aos direitos humanos.
O ativista passou mais de um
mês detido, no começo deste
ano, após ser preso pela polícia
de Xangai enquanto ajudava
uma vítima de despejo forçado
a conseguir assistência judicial.
Ele acredita que um discurso
no qual criticou a sangrenta repressão aos protestos na praça
da Paz Celestial, em 1989, também tenha influenciado no veto a seu retorno à China.
Nos primeiros dias depois
que voltou a Narita, Feng sobreviveu principalmente de
água de torneira. Ele não tem
acesso a lojas ou restaurantes e
desde então vem se sustentando com biscoitos e bolos fornecidos por passageiros que chegam ao aeroporto.
Feng não aceita ingressar no
Japão a não ser que a companhia aérea se comprometa a levá-lo de novo à China, demanda que ele diz ter sido causada
pelo papel da empresa em forçá-lo a retornar ao Japão.
Questionada sobre o incidente, a All Nippon Airways disse
que sua equipe teve de empregar "um pouquinho de força" a
fim de garantir que Feng embarcasse, porque as autoridades de Xangai deixaram claro
que a decolagem não seria autorizada sem que o ativista estivesse a bordo. A polícia de Xangai não quis comentar.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Afeganistão cria novo órgão anticorrupção Índice
|