São Paulo, terça-feira, 17 de novembro de 2009

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Ativista chinês vive no limbo em aeroporto japonês de Narita

DO "FINANCIAL TIMES", EM NARITA

Muitos viajantes se irritam caso levem mais de uma hora para deixar o avião e passar pelo controle de passaportes. Pois o ativista chinês dos direitos humanos Feng Zhenghu está vivendo na zona cinzenta entre o portão de chegada e os postos de imigração do aeroporto de Narita há quase duas semanas.
Em um caso que atrai comparações com "O Terminal" (2004), filme protagonizado por Tom Hanks, Feng vem assombrando os salões do aeroporto japonês desde que a polícia de Xangai o impediu de retornar ao seu país, no dia 4.
A presença de Feng na terra de ninguém aeroportuária resulta de sua indignação diante do tratamento que lhe foi dado pelas autoridades chinesas e pela companhia aérea japonesa All Nippon Airways.
Feng, um ativista chinês dos direitos humanos, diz que a polícia de Xangai, com assistência de um funcionário da companhia aérea, o forçou fisicamente a embarcar em um voo de retorno ao Japão, depois que foi impedido de voltar para casa pela oitava vez.
"Recuso-me a entrar no Japão. Que um chinês seja sequestrado e trazido ao Japão dessa maneira é uma humilhação para mim e uma humilhação para a China", diz ele.
Feng apelou ao presidente dos EUA, Barack Obama, que está visitando a China, por mais atenção aos direitos humanos.
O ativista passou mais de um mês detido, no começo deste ano, após ser preso pela polícia de Xangai enquanto ajudava uma vítima de despejo forçado a conseguir assistência judicial.
Ele acredita que um discurso no qual criticou a sangrenta repressão aos protestos na praça da Paz Celestial, em 1989, também tenha influenciado no veto a seu retorno à China.
Nos primeiros dias depois que voltou a Narita, Feng sobreviveu principalmente de água de torneira. Ele não tem acesso a lojas ou restaurantes e desde então vem se sustentando com biscoitos e bolos fornecidos por passageiros que chegam ao aeroporto.
Feng não aceita ingressar no Japão a não ser que a companhia aérea se comprometa a levá-lo de novo à China, demanda que ele diz ter sido causada pelo papel da empresa em forçá-lo a retornar ao Japão.
Questionada sobre o incidente, a All Nippon Airways disse que sua equipe teve de empregar "um pouquinho de força" a fim de garantir que Feng embarcasse, porque as autoridades de Xangai deixaram claro que a decolagem não seria autorizada sem que o ativista estivesse a bordo. A polícia de Xangai não quis comentar.


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