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Caso de espionagem eleva tensão entre Chile e Peru
Militar peruano é preso sob acusação de vender dados sigilosos a governo chileno
Santiago nega participação no episódio; presidente do Peru, Alan García, critica ato de "republiqueta" e cobra explicações de vizinho
DA REDAÇÃO
Um suposto caso de espionagem militar desatou a pior crise
diplomática entre Chile e Peru
dos últimos anos, após a prisão
de um oficial da Força Aérea
peruana acusado de repassar
dados sigilosos a Santiago.
Preso pela polícia peruana no
último dia 30 em Lima, Víctor
Ariza Mendoza, 45, é acusado
pelo Ministério Público de ter
recebido, em média, US$ 3.000
mensais desde setembro de
2005, em troca de informações
confidenciais sobre o sistema
de segurança do Peru.
O caso veio a público na quinta-feira passada. Em sinal de
contrariedade pelo episódio, o
presidente do Peru, Alan García, antecipou no final de semana sua volta do fórum da Apec
(Cooperação Econômica Ásia-Pacífico), em Cingapura, e cancelou encontro que manteria
no local com a mandatária chilena, Michelle Bachelet.
Ontem, após reunião de segurança em Lima, García pediu
"serenidade" no episódio, mas
disse que o caso de espionagem,
que descreveu como "próprio
de uma republiqueta", deixa
"muito ruim a imagem do Chile
perante o mundo".
Considerado um dos presidentes à direita na América do
Sul, ao lado de Álvaro Uribe, da
Colômbia, García poupou a esquerdista Bachelet e atribuiu a
suposta espionagem a setores
conservadores, adeptos a costumes "ditatoriais e pinochetistas na relação com os vizinhos" -referência à ditadura
do general Augusto Pinochet
(1973-1990).
"Não afirmamos que a presidente Bachelet seja responsável", disse García, para em seguida cobrar explicações "qualquer que seja o nível dos funcionários envolvidos".
O Chile negou envolvimento
no caso. "O governo do Chile
não pratica espionagem, e não
temos nenhuma informação
disponível que permita nem sequer vislumbrar algum tipo de
participação chilena", afirmou
o ministro das Relações Exteriores, Mariano Fernández.
Segundo a imprensa do Peru,
entre as informações vendidas
por Mendoza estão um planejamento estratégico da Força Aérea peruana para 2021 e códigos criptografados do sistema
de comunicação da Embaixada
do Peru em Santiago -onde o
suboficial trabalhou em 2002.
No Chile, políticos governistas e de oposição apontaram a
existência de uma campanha
para afetar a imagem do país.
Questionaram ainda o fato de o
caso ter sido divulgado na imprensa peruana no mesmo dia
em que os EUA autorizaram
uma possível venda de US$ 660
milhões em armas ao Chile.
O aumento da tensão bilateral ocorre justamente quando o
governo García promove um
tour pela região para promover
o desarmamento. Em razão do
episódio, o peruano suspendeu
a visita de uma ministra ao Chile para tratar do tema, agendada para esta semana.
Rivais na Guerra do Pacífico,
no final do século 19, Chile e Peru são unidos por laços comerciais e migratórios típicos de
países vizinhos, mas têm um
conflito de fronteira pendente
-em 2008, o Peru apresentou à
Corte Internacional de Haia
uma demanda em que busca
delimitar sua fronteira marítima com o Chile.
Com agências internacionais
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