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VENEZUELA
Bloqueio de avenidas é dispersado com gás e balas de borracha; para comandante do Exército, greve é "sabotagem"
Oposição radicaliza ações contra Chávez
DA REDAÇÃO
A oposição ao presidente da
Venezuela, Hugo Chávez, que
realiza uma greve geral há duas
semanas, promoveu ontem de
manhã um bloqueio de grandes
avenidas e estradas, causando um
grande caos no trânsito da capital,
Caracas. O protesto faz parte da
estratégia da oposição de radicalizar suas ações para forçar Chávez
a renunciar e a convocar eleições
antecipadas.
O anúncio de uma grande passeata em direção ao palácio presidencial de Miraflores, ainda sem
data definida, elevou o temor de
enfrentamentos e violência. No
dia 6, um tiroteio durante uma
manifestação da oposição em Caracas deixou três pessoas mortas.
A greve geral, iniciada no dia 2,
já provocou a paralisação total
das exportações de petróleo, produto que responde por 80% das
vendas externas do país. A crise
venezuelana levou o preço do petróleo a superar os US$ 30 no
mercado futuro em Nova York
pela primeira vez em dois meses.
O comandante-geral do Exército, Julio Garcia Montoya, chamou
a greve na indústria petrolífera de
"sabotagem" e disse que ela é
"uma agressão contra a sobrevivência do Estado".
As manifestações de ontem foram dispersadas pela polícia com
bombas de gás lacrimogêneo e
balas de borracha disparadas contra prédios nos quais manifestantes batiam panelas. Em uma avenida, policiais se perfilaram para
separar cerca de 500 manifestantes de uma centena de chavistas,
que levavam barras de ferro, garrafas e bastões. Apesar do tráfego
reduzido por causa da greve, o
protesto provocou grandes congestionamentos em Caracas.
Soldados com rifles se colocaram diante de uma delegacia ocupada pelo Exército, enquanto manifestantes pediam que eles deixassem o local. Chávez ordenou
uma militarização de Caracas em
novembro e desafiou uma decisão da Justiça, na sexta, para devolver o controle da Polícia Metropolitana para a prefeitura de
Caracas, governada por um adversário político. Anteontem, ele
ordenou às Forças Armadas que
ignorassem ordens da Justiça. A
Promotoria criticou a orientação.
A greve foi convocada pela oposição para forçar Chávez a aceitar
um referendo sobre seu mandato,
mas os líderes grevistas já exigem
a renúncia de Chávez, cujo mandato vai até 2007, e a convocação
de eleições antecipadas.
"A única coisa que pedimos de
você é que convoque eleições agora", afirmou Carlos Ortega, presidente da CTV (Confederação dos
Trabalhadores da Venezuela), um
dos organizadores da greve. "Mas
você não é um democrata. Você
não quer eleições. O que você
quer é confronto e violência."
Chávez diz que não renuncia e
que seguirá a Constituição, que
prevê a realização de um referendo só a partir de agosto, quando
seu mandato chega à metade.
Os EUA voltaram ontem a defender a realização de um referendo, como haviam feito na sexta.
Em abril, quando Chávez foi afastado da Presidência por dois dias
por um golpe frustrado, os EUA
louvaram sua queda.
Além de afetar a indústria petroleira, a greve geral também
provocou danos à produção de
ferro, aço e alumínio. Chávez disse anteontem que ordenou a importação de gasolina, leite e arroz
e o uso das reservas internacionais do país para combater o desabastecimento. Já há filas em
postos, bancos e supermercados.
Chávez diz que os grevistas querem derrubá-lo por meio de um
golpe. O governo determinou a
ocupação de refinarias e petroleiros pelas Forças Armadas, para
tentar garantir a produção, mas
não obteve resultados até agora.
Em uma entrevista publicada
ontem pelo jornal "The Washington Post", Chávez disse que só renunciaria se a violência e a crise
econômica tornassem a Venezuela ingovernável, mas que o pior da
greve geral já teria passado.
"Se eu perceber que falhei, poderia renunciar, mas não se colocarem uma arma na minha cabeça", disse. "Há uma ou duas semanas, eles estavam nos levando
a essa situação [de ingovernabilidade] e vocês poderiam dizer que
o país estava mais perto desse cenário. Mas posso dizer hoje, com
responsabilidade, que estamos
nos afastando dessa situação, nos
recuperando", disse.
Com agências internacionais
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