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PROPAGANDA
Departamento da Defesa estuda possibilidade de usar militares para influenciar opinião pública estrangeira
Força dos EUA poderá agir em países aliados
DA REDAÇÃO
O Departamento da Defesa dos
EUA estuda a possibilidade de
utilizar as Forças Armadas em
operações secretas de propaganda política realizadas em países
aliados ou neutros. Há dez meses,
o Departamento da Defesa pôs
fim a uma agência governamental
que tinha o mesmo objetivo.
As negociações envolvem um
grande número de possíveis medidas, que poderiam incluir pagar
jornalistas europeus por artigos
favoráveis às políticas americanas
ou financiar livros ou escolas que
defendam um islã menos radical
do que o que é ensinado em algumas escolas de religião paquistanesas, de acordo com funcionários do Departamento da Defesa
(que não quiseram identificar-se).
A proposta de usar militares para influenciar a opinião pública
em países aliados existe há cerca
de um ano e provoca divisões entre autoridades civis e militares,
segundo as mesmas fontes.
Por enquanto, só há consenso
sobre a participação de militares
nas chamadas "operações psicológicas" realizadas em países inimigos ou em Estados nos quais
uma operação militar está em
curso. No entanto há dúvidas no
que se refere à realização de operações secretas em países aliados
ou neutros, pois isso poderia minar a credibilidade do Departamento da Defesa.
Na verdade, para que essas operações possam ser realizadas, basta uma revisão de uma diretiva
confidencial do Departamento da
Defesa, segundo funcionários do
órgão. O debate sobre essa revisão
foi noticiado ontem pelo diário
"The New York Times".
O secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, é contrário à
idéia de utilizar as Forças Armadas nesse tipo de operação, embora acredite que o governo americano não esteja fazendo um bom
trabalho no que diz respeito a
mostrar ao restante do planeta
quais são seus objetivos e como
suas políticas são aplicadas, de
acordo com pessoas ligadas ao
Departamento da Defesa.
A idéia ainda não foi aprovada
porque há uma corrente na administração dos EUA que crê que os
esforços para influenciar a opinião pública internacional devam
ser realizados pelo Departamento
de Estado.
No entanto, segundo funcionários do Departamento de Estado
(que também não quiseram identificar-se), o órgão não está preparado para fazê-lo, pois, além de
não contar com pessoas especializadas aptas a fazê-lo, não tem dinheiro suficiente para financiar
operações do gênero.
Após os ataques terroristas de 11
de setembro de 2001 e a ofensiva
americana no Afeganistão, em todo o mundo, houve vários focos
de desaprovação à política externa dos EUA. Entre os casos mais
preocupantes está a oposição de
alguns países árabes a certos aspectos da guerra ao terrorismo e a
um eventual ataque ao Iraque.
Numa ampla pesquisa internacional divulgada no início deste
mês, o Projeto Pew sobre Atitudes
Globais descobriu que a popularidade dos EUA está caindo em diversos países, inclusive em alguns
de seus mais próximos aliados.
Países muçulmanos
Esse fenômeno é particularmente forte em países muçulmanos. Na Jordânia, 75% dos entrevistados disseram ter uma opinião pouco favorável aos EUA.
No Egito e no Paquistão, esse número chegou a 69%.
Mas uma opinião negativa sobre a política externa americana
também foi detectada em Estados
tradicionalmente aliados dos
EUA, como o Canadá, a Alemanha e o Reino Unido.
As críticas mais comuns a Washington são: os EUA são unilateralistas, apóiam políticas que só
fazem aumentar a distância entre
os ricos e os pobres e não se aplicam o suficiente para resolver os
problemas do mundo.
Um programa do Pentágono
que tinha o mesmo objetivo foi
arquivado em fevereiro último,
quando Rumsfeld mandou fechar
o Escritório de Influência Estratégica. Ele foi criado para difundir
notícias positivas sobre os EUA,
mas causou indignação na comunidade internacional, pois, segundo relatos da mídia americana, ele
poderia fornecer informações falsas a jornalistas estrangeiros.
Com agências internacionais
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