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IGREJA
Suspeitos terão direito a julgamento e culpados de "um único ato" serão permanentemente removidos de atividades pastorais
Vaticano aprova medidas contra pedófilos
DA REDAÇÃO
O Vaticano aprovou ontem medidas para punir padres católicos
responsáveis por abusos sexuais
contra crianças e para tentar protegê-las de novos ataques. A igreja
vai garantir um julgamento justo
para os padres suspeitos e punições duras para os culpados, segundo autoridades católicas.
Descrevendo a pedofilia como
uma "ofensa abominável", o Vaticano disse que a igreja deve reconquistar o respeito dos católicos, cuja confiança ficou abalada
pela onda de escândalos sexuais.
Em outubro, o Vaticano rejeitou as propostas de bispos norte-americanos para punir religiosos
acusados de abuso -como a remoção imediata de padres suspeitos- e disse que elas violavam o
princípio da presunção de inocência e dificultavam a possibilidade de um julgamento justo.
O Vaticano disse temer que os
padres acusados fossem punidos
antes que sua eventual culpa fosse
comprovada, no que o papa João
Paulo 2º, 82, descreveu como um
"julgamento sumário".
Segundo a versão revisada que
foi anunciada ontem, qualquer
padre acusado de abuso sexual vai
ter direito a um julgamento, com
representação legal, antes de enfrentar uma eventual expulsão da
igreja.
As novas regras determinam
que quem cometer abuso sexual
deve ser permanentemente removido de suas atividades pastorais
"quando um único ato de abuso
sexual cometido por um padre ou
por um diácono for admitido ou
comprovado". Mas os culpados
podem permanecer na igreja
-desde que fora das atividades
pastorais para evitar contato com
menores.
Se o pedófilo for transferido para uma instituição para receber
tratamento, as autoridades eclesiásticas do local devem ser informadas de que ele pode representar perigo para crianças.
O cardeal Giovanni Battista Re,
chefe da Congregação dos Bispos,
disse, em uma carta para o bispo
Wilton Gregory, presidente da
conferência episcopal dos EUA,
que o Vaticano está determinado
a combater e evitar ataques contra
crianças. "As normas essenciais
em sua formulação atual pretendem garantir uma proteção efetiva aos menores e estabelecer um
procedimento rigoroso e preciso
para punir, de forma justa, aqueles que são culpados de tais ofensas abomináveis", disse Re.
O anúncio aconteceu três dias
depois de o papa ter aceitado a renúncia do cardeal Bernard Law ao
posto de arcebispo de Boston
após meses de críticas pela forma
com que ele lidou com os casos de
abusos cometidos por padres da
sua arquidiocese.
Os escândalos atingem diversos
países além dos EUA, e as determinações do Vaticano devem servir para os religiosos em geral.
Em caso semelhante ao de Law,
aumentou a pressão na Irlanda
para que o cardeal Desmond
Connell renuncie. O padre Patrick
McCafferty o exortou a renunciar.
"Homens como Bernard Law
-quem quer que seja, onde quer
que esteja-, saiam agora porque
vocês não estão aptos a liderar o
povo de Deus", afirmou McCafferty em artigo publicado em um
jornal local. Pesquisa realizada no
mês passado revelou que 90% da
população irlandesa considera
que a imagem da igreja foi abalada por causa dos escândalos.
Com agências internacionais
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