São Paulo, quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

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Irã aprimora míssil capaz de atingir Israel

Em meio a impasse em torno de seu programa nuclear, país realiza novo teste, motivando ameaças de potências ocidentais

Segundo ministro da Defesa iraniano, Sajjil-2 "vai deter" eventuais ataques externos; para os EUA, porém, disparo não demonstra nada novo


DA REDAÇÃO

O Irã anunciou ter realizado ontem "com sucesso" novo teste com um míssil capaz de atingir Israel, o sudeste europeu e bases militares americanas no Oriente Médio. O Sajjil-2 lançado é uma versão avançada de artefatos disparados em testes de maio e setembro deste ano.
A nova demonstração de força iraniana foi duramente criticada pelas potências ocidentais envolvidas nas negociações nucleares com Teerã, justamente quando as conversas multilaterais se encontram no pior momento desde a última tentativa de acordo, em outubro -quando foi colocada na mesa a proposta atualmente emperrada.
O disparo do míssil com alcance de 2.000 km foi transmitido pela TV oficial e seguido de declarações do ministro da Defesa, Ahmad Vahidi, exaltando a capacidade de "detenção" de possíveis ataques estrangeiros.
Segundo Vahidi, a nova versão do Sajjil-2, que usa combustível sólido -operacionalmente vantajoso em relação ao líquido, segundo especialistas-, pode ser disparada com mais agilidade, viaja a uma velocidade maior e tem mais precisão.
"Dada a sua velocidade, é impossível destruí-lo com sistemas antimísseis devido à sua capacidade de driblá-los."
Para os EUA, o disparo contradiz a suposta pretensão pacífica do Irã, embora não mostre nenhuma capacidade "particularmente diferente" das verificadas nos testes precedentes. A Casa Branca alertou, porém, que o tempo está se esgotando para o Irã evitar sanções.
O premiê britânico, Gordon Brown, disse que "o tema é de grande preocupação para a comunidade internacional e justifica esforços pelas sanções".
As negociações promovidas pelo P5+1 -que, além de EUA e Reino Unido, têm França, China, Rússia e Alemanha- estão atualmente emperradas pela resistência do Irã em aceitar o envio de urânio pouco enriquecido ao exterior, para maior processamento, nos termos definidos no acordo de outubro.
As potências ocidentais suspeitam de que Teerã vise a produção da bomba com o seu programa nuclear. O Irã nega, alegando almejar só a produção de energia -o que pode fazer pelo Tratado de Não Proliferação Nuclear em cooperação com a AIEA, agência ligada à ONU.
O presidente Mahmoud Ahmadinejad disse ontem a uma TV dinamarquesa que o Irã "é hostil à bomba". "A arma atômica é a mais desumana das armas. É verdade que temos muitos inimigos, mas não precisamos delas para nos defender", disse, citando a queda da União Soviética e reveses dos EUA para justificar seus argumentos.

Com agências internacionais



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