São Paulo, sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

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Justiça dá a Assange liberdade vigiada

Dono do WikiLeaks ficará em prisão domiciliar em mansão perto de Londres; foi paga fiança de R$ 540 mil

Ele terá de usar uma pulseira eletrônica, comparecer à polícia diariamente e obedecer a um toque de recolher


Peter Macdiarmid/Efe
Julian Assange comemora libertação ao deixar tribunal

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

A Justiça do Reino Unido decidiu libertar Julian Assange, criador do WikiLeaks, que estava preso desde o dia 7. Ele vai aguardar sob liberdade vigiada a decisão do pedido de extradição feito pela Suécia, onde está sendo investigado sob acusação de crimes sexuais.
Assange ficará numa casa de campo de dez quartos, que pertence a um amigo jornalista e fica numa região bucólica a nordeste de Londres.
Mas terá de cumprir uma série de exigências: usar um dispositivo eletrônico que monitora seus movimentos, comparecer à polícia todos os dias e respeitar um toque de recolher.
Além disso, seus advogados tiveram de entregar na corte 200 mil libras em dinheiro (R$ 540 mil) como garantia de que ele não fugirá.
Outras duas pessoas se apresentaram como fiadores e depositaram 20 mil libras (R$ 54 mil) cada uma também como garantia de que ele não deixará o país.
Apesar das condições, é uma vitória para Assange, que ficou nove dias presos.
Ele ocupava uma espécie de solitária, sem acesso a meios de comunicação, com restrição de visitas e apenas uma hora ao ar livre.
Ao sair, disse que era uma delícia respirar de novo o ar fresco de Londres. Chovia, caíam uns flocos de neve, o frio beirava zero graus, mas jornalistas do mundo todo e fãs estavam lá para ouvi-lo.
"Primeiro, alguns agradecimentos a todas as pessoas do mundo que acreditaram em mim e apoiaram minha equipe enquanto estive longe", disse.
Depois, agradeceu a seus advogados, à imprensa, a pessoas que deram dinheiro para que fosse solto e à Justiça britânica.
Na sequência, foi a um bar, tomou um dry martini e brindou com amigos.
Ao sair, deu uma curta entrevista em que afirmou que o tempo em que ficou preso mostrou que sua equipe conseguiu manter o trabalho do WikiLeaks, com a divulgação de mais documentos secretos da diplomacia americana.

PRÓXIMOS PASSOS
Assange foi solto, mas o que aconteceu até agora não está relacionado ao mérito do processo sobre os supostos crimes na Suécia.
O que estava em jogo era se ele deveria esperar a decisão sobre a extradição para aquele país preso ou solto.
Agora, a Justiça e seus advogados vão focar nos argumentos sobre a extradição.
A Suécia quer que ele seja levado ao país para ser ouvido. Seus advogados dizem que essa é uma perseguição política, a mando dos EUA, e que ele não terá um julgamento isento naquele país.
Apesar de acordo assinado pela União Europeia após o 11 de Setembro para acelerar as extradições, o processo pode levar até um ano.
Poucos acreditam que ele não seja extraditado. O acordo da UE se baseia na crença de que todos os sistemas judiciais dos países do bloco são justos e garantem pleno direito de defesa.
A única chance, segundo juristas, seria convencer a corte de que de fato se trata de perseguição política. Assange deve ser ouvido de novo no início de janeiro.


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