São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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GUERRA DOS SEXOS

Artefato atiçaria "desejo homossexual"

Laboratório propõe "bomba gay" para combater inimigos dos EUA

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um laboratório militar americano sugeriu a criação de uma "bomba gay": a produção de uma substância química capaz de produzir no inimigo intenso desejo sexual, de preferência homossexual, e com isso debilitar o seu moral combatente.
Não, não se trata de uma daquelas notícias de 1º de abril que a imprensa britânica publica. Trata-se de um relatório interno do Pentágono, obtido por uma ONG que combate armas biológicas, o Projeto Brilho do Sol ("Sunshine Project"). O documento, de um laboratório da base aérea Wright Patterson, em Ohio, sugere a criação de substâncias para atrair insetos, roedores e "criaturas agressivas" para importunar o inimigo.
A agência Reuters procurou ontem o Departamento da Defesa dos EUA para falar sobre o documento, obtido por meio de um pedido judicial baseado na legislação de liberdade de informação.
Um porta-voz do Pentágono, o tenente-coronel Barry Venable, declarou que a sugestão ocorreu em uma reunião, mas que tinha sido rejeitada logo de cara.
Os militares americanos têm complexo aparato de pesquisa de armas químicas, biológicas e "não-letais" -que incapacitam o inimigo temporariamente. O documento, de 94, tem três páginas e pode ser obtido no site www.sunshine-project.org.
A "bomba gay" faria parte da categoria de substâncias capazes de "afetar o comportamento humano de modo que a disciplina e o moral das unidades inimigas seja afetado adversamente".
"Um exemplo desagradável, mas completamente não-letal, seriam afrodisíacos fortes, especialmente se a substância química também causasse comportamento homossexual", diz o texto.
Além de a noção de "afrodisíaco" ser cientificamente discutível, não se conhece substância ou mesmo processos biológicos capazes de mudar a opção sexual.
O sistema de pesquisa e desenvolvimento militar americano é um organismo inchado, de onde surgem propostas tanto revolucionárias como alucinadas. Na intervenção americana no Vietnã (1965-1973), o sistema chegou a criar um "farejador de urina" para tentar localizar guerrilheiros na selva. Na Guerra do Golfo (1991) foi produzido um chocolate capaz de resistir ao calor do deserto.


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