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Congresso vota superpoderes para Chávez
Lei permitirá que presidente da Venezuela governe por decreto durante 18 meses; leis tratarão de economia à defesa
Congresso aprovou regime de urgência para votar lei, que deve ser aprovada na terça; legislação "acelera construção do socialismo"
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente venezuelano
Hugo Chávez encaminhou ontem à Assembléia Nacional o
projeto da Lei Habilitante, que
lhe permitirá governar por decreto nos próximos 18 meses.
Hoje o projeto será discutido
em plenário e acredita-se que já
estará aprovado na próxima
terça-feira, após dois debates.
Chávez tem praticamente a
totalidade dos deputados ao
seu lado. Por acusar manipulação do sistema eleitoral, a oposição boicotou as eleições parlamentares de 2005 e não elegeu representantes.
Pela lei, prevista na atual
Constituição, o Legislativo permitirá a Chávez legislar sobre
vários temas, como reforma do
Estado, participação popular e
questões econômicas, sociais,
financeiras e tributárias -além
de segurança jurídica, ordenamento territorial, transporte,
segurança e defesa.
"A lei vai permitir que Chávez acelere as reformas, que visam construir o socialismo bolivariano, sem nenhuma fraqueza na aprovação", disse à
Folha o deputado chavista
Juan Carlos Dugarte (leia entrevista abaixo).
O texto da lei diz que o presidente poderá aprovar normas
"que adaptem a legislação atual
à construção de um novo modelo econômico e social", que
adaptem o sistema financeiro
"aos princípios constitucionais", e que reformem o regime
do funcionalismo público.
Na explicação dos motivos
para a concessão de poderes legislativos ao presidente, o texto
diz que os decretos nos âmbitos
econômico e social têm o objetivo de "transformar o paradigma econômico capitalista
atualmente hegemônico, ditando leis que preservem a função social da propriedade em
suas diversas formas e classes".
Na terça-feira, a Assembléia
Nacional concedeu regime de
urgência parlamentar para
aprovar o novo instrumento, o
que permitiu que já entre em
plenário hoje. Pelo projeto, os
deputados só conhecerão as
leis aprovadas quando forem
publicadas no Diário Oficial -
"o presidente vai operar como
se ele fosse a Assembléia".
Se aprovada, como é praticamente certo, esta será a terceira
Lei Habilitante que Chávez recebe do Parlamento. A primeira foi aprovada em 1999 e a segunda, no final de 2000.
Fechamento da tevê
A maior associação empresarial do país, a Fedecâmaras, pediu a Chávez "reconsiderar"
sua decisão de não renovar a
concessão do canal de televisão
RCTV. A associação apoiou a
tentativa de golpe contra Chávez em 2002.
O presidente da Fedecâmaras, José Luis Betancourt, reconheceu o direito do Estado de
"renovar ou não uma concessão", mas disse que "há fórmulas para se exercer o direito à liberdade de expressão".
A RCTV é a emissora mais
antiga da Venezuela. A não-renovação da concessão provocou críticas da OEA (Organização dos Estados Americanos) e
de entidades jornalísticas.
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