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Base de Morales racha sobre Cochabamba
Vice-presidente diz que "governo paralelo" criado por ala mais radical no Estado é ilegítimo; cocaleiros prometem barrar governador
Conselho Departamental,
dominado por aliados de
Morales, decidirá futuro de
Reyes Villa; camponeses
também rejeitam junta
DA REDAÇÃO
O vice-presidente da Bolívia,
Álvaro García Linera, afirmou
ontem ser ilegítimo um "governo paralelo" formado na madrugada de ontem em Cochabamba, cujo governador faz
oposição ao presidente Evo
Morales. A formação do governo paralelo evidenciou uma divisão na base de apoio de Morales naquele Estado, onde a crise
se estende há dez dias.
"Este governo respeita as autoridades legalmente constituídas mediante o voto democrático", disse García Linera.
Um porta-voz da Presidência
afirmou que "não reconhece
nenhum governador que não
seja Manfred Reyes Villa".
Os protestos pela renúncia
do governador começaram no
último dia 8, após ele anunciar
um referendo por maior autonomia do Estado em relação ao
governo federal. Na sexta, Reyes Villa desistiu da convocação -seria a segunda votação
popular sobre o tema desde julho, quando o "sim" perdeu em
Cochabamba e em mais quatro
dos nove Estados bolivianos.
Mas os protestos seguiram.
O governo paralelo, formado
por 15 representantes de diversos setores e liderado pelo ex-guerrilheiro Tiburcio Herrada
Lamas, também não foi reconhecido pela direção da federação de camponeses.
O líder agrário Daniel Claros
afirmou que os camponeses
continuam mobilizados pela
renúncia do governador, mas
que aguardam decisão do Conselho Departamental. O conselho se reuniu ontem em sessão
convocada por Johnny Ferrel,
governador interino -Reyes
Villa, que diz "temer por sua vida", estava no Estado de Santa
Cruz e, segundo o jornal "El
Deber", voltou ontem a Cochabamba -capital do Estado de
mesmo nome.
O conselho, que age como organismo fiscalizador do poder
governamental, deveria decidir
sobre o futuro do governador.
Dos 23 conselheiros, 19 são do
MAS (Movimento ao Socialismo), partido de Morales. Até a
conclusão desta edição, não havia informação sobre a reunião.
Governo paralelo
A decisão de criar um governo "popular revolucionário" foi
tomada na madrugada de ontem, na presença de menos de
mil pessoas, e contrariou a deliberação de um "cabildo", ou assembléia popular, realizado algumas horas antes em Cochabamba, no qual estavam presentes 30 mil manifestantes.
O cabildo havia pedido a renúncia de Reyes Villa e outorgado o mandato aos conselheiros departamentais para que
eles elegessem um novo governador por vias legais.
Reyes Villa afirmou ontem
que "não pode nem deve renunciar", pois é "uma autoridade eleita democraticamente", e
disse estar disposto a convocar
um referendo para saber se deve permanecer no cargo.
Claros afirmou que "não vão
deixá-lo entrar" na sede do governo porque "ele já não é mais
governador". Para o líder camponês, o fato de Reyes Villa estar "ausente da cidade há mais
de uma semana não dá direito"
a ele de voltar ao governo.
Os cocaleiros esperavam ontem por uma decisão dos líderes para saber se continuavam
os protestos.
Com agências internacionais
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