São Paulo, segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

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Para ativista, "situação está melhorando e piorando"

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE

Cinco dias depois do terremoto que arrasou Porto Príncipe, a situação na capital haitiana "está melhorando e piorando", segundo a ativista haitiana Marie Yolene Gilles, da ONG RNDDH (Rede Nacional em Defesa dos Direitos Humanos), especializada em Justiça e segurança pública.
"Nós não estamos seguros. Todos os corpos soterrados, o mau cheiro na rua, e há o grande problema de segurança, porque a maioria dos oficiais da polícia morreu. As pessoas começam a brigar por comida, água, medicamentos", disse Gilles.
Por outro lado, diz a haitiana, a ajuda internacional está cada vez mais visível na cidade.
Nos últimos dias, Gilles tem levado comida tanto à sua vizinhança quanto a presos mantidos em cadeias menores da cidade. Para ela, ninguém ficou imune ao terremoto.
"Todos os haitianos são vítimas. Não tenho comida na minha casa, não tenho água, não tenho eletricidade. Na minha vizinhança, dividimos para sobreviver."
O escritório e a casa da ativista ficaram ilesos. Além da ajuda aos vizinhos, Gilles adotou um bebê de cinco meses, cujos pais morreram na terça-feira.
Gilles evitou criticar o governo haitiano, acusado de estar quase desaparecido na ajuda aos desabrigados. "Também são vítimas, mas eles estão tentando fazer algo. No nosso país, não temos essa experiência. Eu tenho 42 anos e tudo isso é novo para mim. Os problemas agora são completamente diferentes", afirma a ativista, que trabalhou em outros desastres no Haiti, como a inundação que matou 3.000 pessoas em Gonaives, em setembro de 2004.
Ela acredita que a prioridade, nos próximos meses deve ser moradia. "O governo devia ter um grande local para construir casas temporárias e distribuí-las. Se vocês [brasileiros] tiverem tendas, por favor enviem."
Ontem, as pessoas continuavam deixando Porto Príncipe em direção ao interior -a maioria rumo a casa de parentes. Para os milhares que ficam, a alternativa é dormir em grandes acampamentos improvisados em praças e em outros locais públicos.


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