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Para ativista, "situação está melhorando e piorando"
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
Cinco dias depois do terremoto que arrasou Porto Príncipe, a situação na capital haitiana "está melhorando e piorando", segundo a ativista haitiana
Marie Yolene Gilles, da ONG
RNDDH (Rede Nacional em
Defesa dos Direitos Humanos),
especializada em Justiça e segurança pública.
"Nós não estamos seguros.
Todos os corpos soterrados, o
mau cheiro na rua, e há o grande problema de segurança, porque a maioria dos oficiais da polícia morreu. As pessoas começam a brigar por comida, água,
medicamentos", disse Gilles.
Por outro lado, diz a haitiana,
a ajuda internacional está cada
vez mais visível na cidade.
Nos últimos dias, Gilles tem
levado comida tanto à sua vizinhança quanto a presos mantidos em cadeias menores da cidade. Para ela, ninguém ficou
imune ao terremoto.
"Todos os haitianos são vítimas. Não tenho comida na minha casa, não tenho água, não
tenho eletricidade. Na minha
vizinhança, dividimos para sobreviver."
O escritório e a casa da ativista ficaram ilesos. Além da ajuda
aos vizinhos, Gilles adotou um
bebê de cinco meses, cujos pais
morreram na terça-feira.
Gilles evitou criticar o governo haitiano, acusado de estar
quase desaparecido na ajuda
aos desabrigados. "Também
são vítimas, mas eles estão tentando fazer algo. No nosso país,
não temos essa experiência. Eu
tenho 42 anos e tudo isso é novo para mim. Os problemas
agora são completamente diferentes", afirma a ativista, que
trabalhou em outros desastres
no Haiti, como a inundação que
matou 3.000 pessoas em Gonaives, em setembro de 2004.
Ela acredita que a prioridade,
nos próximos meses deve ser
moradia. "O governo devia ter
um grande local para construir
casas temporárias e distribuí-las. Se vocês [brasileiros] tiverem tendas, por favor enviem."
Ontem, as pessoas continuavam deixando Porto Príncipe
em direção ao interior -a
maioria rumo a casa de parentes. Para os milhares que ficam,
a alternativa é dormir em grandes acampamentos improvisados em praças e em outros locais públicos.
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