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HAITI EM RUÍNAS
Equipes salvam três em ruínas de mercado
Número de haitianos resgatados com vida dos escombros em Porto Príncipe chega a 70, segundo as Nações Unidas
Em operação de salvamento que durou todo o dia de ontem, bombeiros dos EUA ainda tentavam retirar dois sobreviventes das ruínas
JANAINA LAGE
ENVIADA ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
Cinco dias após o terremoto
que atingiu Porto Príncipe,
uma operação de resgate retirou três sobreviventes que estavam presos nos escombros
do supermercado Caribbean.
Até o fechamento desta edição,
65 bombeiros da Flórida (EUA)
ainda tentavam resgatar um
homem e uma mulher que permaneciam no local.
Na noite de sábado para domingo, os bombeiros conseguiram retirar uma menina de sete
anos e um homem de 34 das
ruínas, segundo o porta-voz da
equipe americana South Florida Urban Research and Rescue,
Charles McDermott.
A operação de salvamento se
estendeu durante todo o dia.
No começo da manhã de ontem, os bombeiros resgataram
uma mulher de 50 anos. O cunhado dela, Fadel Almaghabi,
passou no local durante a tarde
para agradecer a equipe de resgate e, com os olhos vermelhos,
ele abraçou o bombeiro que a
salvou. Ela seguiu viagem ontem para Miami.
"Ela está muito bem. Durante todo o tempo manteve a esperança de sair de lá. Estava havia cinco dias sem água e sem
comida em uma área muito pequena. Ela mal podia se mover", afirmou Almaghabi,
acrescentando que, que durante todo o tempo, acreditou que
sua cunhada estivesse viva.
Segundo McDermott, a equipe de resgate conta com um
tradutor para falar em francês
crioulo com o homem e a mulher que permaneciam sob os
escombros. O homem está preso pelo pé e não consegue se
mexer. "Estamos tão próximos
deles que pudemos colocar
uma câmera especial. Eles conseguem ver a luz da câmera,
mas ainda não conseguem nos
ver", disse.
As vítimas estão no terceiro
andar. Para chegar até lá, é preciso se arrastar de barriga até o
local. Durante a tarde, houve
um momento de pânico. Os
bombeiros saíram correndo, tirando máscaras. Já na rua, eles
se abraçaram e iniciaram a contagem para verificar se todos tinham conseguido sair. A operação foi interrompida porque o
teto começou a ceder. Segundo
McDermott, há risco de que o
prédio todo desabe.
A rua foi fechada com um
cordão de isolamento fiscalizado pela polícia. Do outro lado,
um grupo de cerca de 50 haitianos aguardava o fim da operação para tentar entrar nos escombros e pegar comida. Do lado de fora do prédio era possível ver os produtos nos andares
mais altos. Segundo os bombeiros, o local deve ser demolido
após o fim da operação. O objetivo é evitar que mais haitianos
morram sob os escombros,
uma vez que há grande risco de
novo desabamento.
Outros resgates
A ONU -cuja sede em Porto
Príncipe ficou destruída-
anunciou que o dinamarquês
Jen Kristensen, membro da
Minustah, foi encontrado sem
ferimentos ontem. Equipes
também retiraram uma mulher
dos escombros do prédio de
uma universidade na capital. E
uma das proprietárias do Hotel
Montana, Nadine Cardoso, foi
resgatada do que sobrou do edifício, que abrigava altos funcionários da missão.
Os sobreviventes se somam
aos 70 que, segundo a ONU, haviam sido salvos por 43 equipes
internacionais, com 1.739 socorristas e 161 cães farejadores.
Os grupos chegaram a 60%
das regiões mais afetadas pelo
terremoto. "O moral das equipes segue muito alto, apesar
das dificuldades e das condições", disse, em Genebra, a porta-voz da agência humanitária
da ONU, Elisabeth Byrs.
Não se sabe o número de
mortos na tragédia. Até ontem,
autoridades haitianas falavam
em 100 mil a 200 mil. O braço
pan-americano da OMS estimava as mortes em 50 mil a 100
mil, número que "parece ser o
mínimo", segundo o premiê
haitiano, Jean-Max Bellerive.
Em visita à capital haitiana, o
secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, disse que "esta é uma
das piores crises humanitárias
em décadas".
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