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ELEIÇÃO NOS EUA
Cúpula do Partido Democrata quer que pré-candidatos sem chances abram logo caminho para o senador
Adversários de Kerry são pressionados a sair
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WISCONSIN
Com John Kerry mais uma vez
favorito ontem para vencer a primária eleitoral de Wisconsin, o
Partido Democrata aumentou a
pressão sobre os outros pré-candidatos à Presidência para que desistam da disputa a partir de hoje.
Tendo mais de 20 pontos sobre
o segundo colocado, segundo as
últimas pesquisas, Kerry consolidaria ontem 15 vitórias nas 17 prévias disputadas até agora.
A cúpula democrata espera que
Howard Dean -favorito antes do
início das primárias- desista até
o fim de semana e pressionava
John Edwards para fazer o mesmo caso tivesse ontem um resultado distante do primeiro lugar.
Ontem, Edwards aparecia em
terceiro, com 20% das intenções
de voto. Dean tinha 23%.
Tanto Dean quanto Edwards,
senador pela Carolina do Norte,
negaram a intenção de abandonar a corrida.
Até agora, as prévias eleitorais
indicaram apenas 25% dos delegados necessários para escolher o
adversário de George W. Bush na
Convenção Nacional Democrata,
em julho.
John Kerry, no entanto, já vem
se mostrando favorito em pesquisas nos Estados que ainda vão votar nos próximos dias.
Questionado ontem se prosseguiria mesmo não tendo vencido
em nenhum Estado até agora,
Dean afirmou: "Yep", que tal isso
como resposta para esclarecer as
coisas? Vamos esperar até a "superterça"".
Até janeiro, Dean era considerado o favorito para a atual disputa,
mas decaiu rapidamente após
chegar em terceiro lugar em Iowa,
que inaugurou as prévias.
Edwards também afirmou que,
mesmo que perdesse ontem, tomaria uma decisão sobre seu futuro só a partir da "superterça",
quando dez Estados votam simultaneamente no dia 2 de março.
Kerry, por outro lado, recebeu
novos apoios de entidades sindicais ontem pela manhã e prometeu criar o máximo de empregos
que puder caso seja eleito presidente. "A única demissão que desejo é a de George W. Bush da Casa Branca", afirmou.
Estimulados por um dia de sol,
mas muito frio, mais de 1,5 milhão de pessoas saíram de casa para votar ontem em Wisconsin.
A votação, conjunta com a escolha de candidatos a prefeito em
várias cidades locais, inclusive na
capital, Milwaukee, atraiu o maior
número de votantes entre todas as
prévias partidárias disputadas até
agora em 17 Estados.
Nas ruas da capital, era visível o
desânimo dos partidários de
Dean e de Edwards, que ainda faziam um último esforço de convencimento de eleitores em frente
a escolas e igrejas utilizadas como
locais de votação.
"A coisa já está definida. Não há
mais o que pensar", disse James
Chaparro ao se dirigir às urnas
para votar em Kerry, seu candidato de última hora.
"Dias contados"
Na noite anterior, Kerry participara de um comício para cerca de
800 pessoas em um clube italiano
em Milwaukee.
Depois de deixar o público esperando por mais de uma hora,
Kerry falou por mais de 50 minutos sobre seus planos como presidente e dirigiu vários ataques
contra Bush. "Vocês estão cansados?", perguntou Kerry à platéia.
"Mas eu não", emendou, para dizer que "o começo do fim do presidente Bush já começou".
"Não vou descansar enquanto
não tirar Bush daquela cadeira.
Ele não apenas quebrou o Orçamento americano, mas destruiu
todos os valores nobres deste
país", afirmou.
Batendo dezenas de continências para veteranos presentes e
dando pequenos socos no ar,
Kerry transbordava confiança.
"Tenho boas notícias nesta noite. Os americanos que hoje estão
se segurando pelas unhas para
não cair nesse país podem ter certeza de que os dias de Bush estão
contados", disse Kerry.
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