São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Cúpula do Partido Democrata quer que pré-candidatos sem chances abram logo caminho para o senador

Adversários de Kerry são pressionados a sair

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WISCONSIN

Com John Kerry mais uma vez favorito ontem para vencer a primária eleitoral de Wisconsin, o Partido Democrata aumentou a pressão sobre os outros pré-candidatos à Presidência para que desistam da disputa a partir de hoje.
Tendo mais de 20 pontos sobre o segundo colocado, segundo as últimas pesquisas, Kerry consolidaria ontem 15 vitórias nas 17 prévias disputadas até agora.
A cúpula democrata espera que Howard Dean -favorito antes do início das primárias- desista até o fim de semana e pressionava John Edwards para fazer o mesmo caso tivesse ontem um resultado distante do primeiro lugar.
Ontem, Edwards aparecia em terceiro, com 20% das intenções de voto. Dean tinha 23%.
Tanto Dean quanto Edwards, senador pela Carolina do Norte, negaram a intenção de abandonar a corrida.
Até agora, as prévias eleitorais indicaram apenas 25% dos delegados necessários para escolher o adversário de George W. Bush na Convenção Nacional Democrata, em julho.
John Kerry, no entanto, já vem se mostrando favorito em pesquisas nos Estados que ainda vão votar nos próximos dias.
Questionado ontem se prosseguiria mesmo não tendo vencido em nenhum Estado até agora, Dean afirmou: "Yep", que tal isso como resposta para esclarecer as coisas? Vamos esperar até a "superterça"".
Até janeiro, Dean era considerado o favorito para a atual disputa, mas decaiu rapidamente após chegar em terceiro lugar em Iowa, que inaugurou as prévias.
Edwards também afirmou que, mesmo que perdesse ontem, tomaria uma decisão sobre seu futuro só a partir da "superterça", quando dez Estados votam simultaneamente no dia 2 de março.
Kerry, por outro lado, recebeu novos apoios de entidades sindicais ontem pela manhã e prometeu criar o máximo de empregos que puder caso seja eleito presidente. "A única demissão que desejo é a de George W. Bush da Casa Branca", afirmou.
Estimulados por um dia de sol, mas muito frio, mais de 1,5 milhão de pessoas saíram de casa para votar ontem em Wisconsin.
A votação, conjunta com a escolha de candidatos a prefeito em várias cidades locais, inclusive na capital, Milwaukee, atraiu o maior número de votantes entre todas as prévias partidárias disputadas até agora em 17 Estados.
Nas ruas da capital, era visível o desânimo dos partidários de Dean e de Edwards, que ainda faziam um último esforço de convencimento de eleitores em frente a escolas e igrejas utilizadas como locais de votação.
"A coisa já está definida. Não há mais o que pensar", disse James Chaparro ao se dirigir às urnas para votar em Kerry, seu candidato de última hora.

"Dias contados"
Na noite anterior, Kerry participara de um comício para cerca de 800 pessoas em um clube italiano em Milwaukee.
Depois de deixar o público esperando por mais de uma hora, Kerry falou por mais de 50 minutos sobre seus planos como presidente e dirigiu vários ataques contra Bush. "Vocês estão cansados?", perguntou Kerry à platéia. "Mas eu não", emendou, para dizer que "o começo do fim do presidente Bush já começou".
"Não vou descansar enquanto não tirar Bush daquela cadeira. Ele não apenas quebrou o Orçamento americano, mas destruiu todos os valores nobres deste país", afirmou.
Batendo dezenas de continências para veteranos presentes e dando pequenos socos no ar, Kerry transbordava confiança.
"Tenho boas notícias nesta noite. Os americanos que hoje estão se segurando pelas unhas para não cair nesse país podem ter certeza de que os dias de Bush estão contados", disse Kerry.


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