|
Próximo Texto | Índice
Obama envia mais 17 mil soldados para Afeganistão
Aumento emergencial eleva total americano para 55 mil e não representa a decisão definitiva sobre estratégia de ocupação
Anúncio ocorre no mesmo dia em que relatório da ONU aponta aumento de 40% de mortes civis no país em 2008, em relação a 2007
Rahmat Gul/Associated Press
|
|
Afegão passa por pôster de recrutamento das Forças Armadas do país em Jalalabad
DA REDAÇÃO
O presidente Barack Obama
anunciou ontem o envio de
mais 17 mil soldados ao Afeganistão, elevando para 55 mil o
total de tropas dos EUA no país
da Ásia Central. Em comunicado, ele disse que a medida "não
pré-determina" a revisão da estratégia de ocupação do território afegão, que seu governo
vem levando a cabo.
O anúncio, assinalou "The
New York Times", representa a
opção por um meio-termo
frente ao pedido de urgência de
até mais 30 mil soldados feito
pelo Departamento de Defesa e
pela cúpula militar americana
no Afeganistão.
Ao mesmo tempo em que
atende a reivindicação, Obama
adia a decisão definitiva sobre o
futuro da estratégia americana
-que depende da definição de
objetivos militares e políticos
"realistas", como frisa o secretário da Defesa, Robert Gates.
O anúncio ocorreu no mesmo dia em que a Unama (missão da ONU para o Afeganistão)
divulgou um relatório em que
aponta aumento de 40% nas
mortes de civis no país no ano
passado, em relação a 2007. Foram 2.118 os mortos, o saldo
mais elevado desde a invasão
americana, em 2001. Em 2007,
morreram 1.523.
Os números da ONU revelam
a deterioração das condições de
segurança a seis meses das eleições presidenciais afegãs. O
anúncio de Obama vai ao encontro da sua intenção de fazer
do país o foco principal do combate ao terrorismo -no comunicado, ele criticou indiretamente o governo de seu antecessor, George W. Bush, ao dizer que o Afeganistão "não recebeu a atenção nem os recursos" necessários.
Desviadas do Iraque
Segundo o Pentágono, os
EUA mantêm hoje 38 mil soldados no Afeganistão, 23 mil
deles sob comando da Otan, a
aliança militar ocidental - cujos países têm em conjunto 55
mil soldados no país asiático
(serão 72 mil com o reforço
anunciado ontem).
Os novos efetivos anunciados por Obama são 12 mil combatentes do Exército e dos Fuzileiros Navais e 5.000 soldados de apoio. Eles fazem parte
de duas brigadas que iriam
substituir tropas no Iraque, de
onde o presidente promete retirar a maior parte dos atuais
135 mil soldados dos EUA.
Autoridades americanas admitem que a medida pode causar mais baixas civis num primeiro momento -motivo de
constante atrito entre o presidente afegão, Hamid Karzai, e
autoridades americanas.
Mortes civis
De acordo com o relatório da
Unama, 1.160 (55%) das 2.118
mortes civis foram decorrentes
de ações da insurgência liderada pelo grupo radical islâmico
Taleban, desalojado do poder
pelos EUA em 2001, no pós-11
de Setembro. As tropas ocidentais -Otan e os EUA- foram
responsáveis por 829 mortes
(39%), 552 das quais em consequência de ataques aéreos.
O documento diz ainda que a
maior parte das mortes ocorreu nas regiões sul (872) e sudeste (417), áreas em que os insurgentes vêm ganhando terreno. O avanço já ameaça a capital Cabul, até então uma ilha de
relativa segurança, onde três
ataques simultâneos mataram
20 pessoas há uma semana.
Outro destaque do relatório é
o pico de mortes ocorrido em
julho e agosto, em que morreram mais de 600 civis (323 e
341, respectivamente), em contraste com números na casa
dos cem nos demais meses.
O porta-voz da Otan, Martin
O'Donnell, disse que em setembro foram adotadas medidas
para reduzir mortes de civis,
entre as quais não pedir reforço
aéreo em áreas povoadas.
As mortes civis de autoria
dos insurgentes foram decorrentes sobretudo de bombas
em estradas, carros-bomba e
ataques suicidas, como os realizados em Cabul. A autoria de
outras 130 mortes não pôde ser
estabelecida por terem ocorrido em meio a fogo cruzado.
Com "New York Times" e agências internacionais
Próximo Texto: EUA negociam com Uzbequistão rota de suprimento para tropas em solo afegão Índice
|