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Ministro critica tratado nuclear às vésperas de revisão
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao mesmo tempo em que resiste a sanções ao Irã por seu
programa nuclear, o governo
brasileiro engrossa críticas ao
TNP (Tratado de Não Proliferação Nuclear), a menos de três
meses da conferência de exame
do acordo, em Nova York.
Os gestos fazem parte de um
único movimento de reação às
pressões de potências que dispõem de bombas nucleares
contra países que desenvolvem
a tecnologia nuclear, avalia o
ministro Samuel Pinheiro Guimarães (Assuntos Estratégicos), que assumirá em breve o
comando do grupo interministerial encarregado do programa nuclear brasileiro.
"O TNP não é apenas um tratado de não proliferação, é um
tratado de desarmamento. As
potências nuclearmente armadas se comprometeram a se engajar no desarmamento completo e não o fizeram. Mais do
que isso: possivelmente aumentaram o seu potencial de
destruição", disse à Folha.
Expoente da ala antiamericana do governo e ex-secretário-geral do Itamaraty, Guimarães diz que o Brasil não é um
ator coadjuvante no debate nuclear mundial: "O Brasil é 1 dos
3 países do mundo -ao lado da
Rússia e dos EUA- que têm reservas de urânio e tecnologia
para enriquecer".
Dono da sexta maior reserva
de urânio conhecida, o Brasil
tem meta de dominar a tecnologia de enriquecimento em escala industrial até 2014.
A resistência a inspeções
mais amplas e sem aviso prévio
da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) está
expressa na Estratégia Nacional de Defesa, de dezembro de
2008. O documento deixa claro
que o país não aceitará acréscimos ao TNP que ampliem restrições a países que desenvolvam tecnologia nuclear.
"O protocolo adicional prevê
inclusive inspeção sem razão,
sem motivo, sem aviso, em
qualquer parte do território
brasileiro. Isso não convém a
países que têm a tecnologia de
enriquecimento de urânio", diz
ele. As centrífugas brasileiras
usam eletromagnetismo para
girar em seus eixos, tecnologia
considerada inovadora que reduz o desgaste das peças.
Representará o Brasil na
conferência o embaixador Luiz
Filipe de Macedo Soares. Concluído em 1968, o TNP entrou
em vigor no Brasil apenas em
1998, sob o governo Fernando
Henrique Cardoso.
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