São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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ENTREVISTA

"Do hotel, ouvi os tiros", conta piloto brasileiro

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE MUNDO

Piloto de testes da Lotus na F-1 e titular da equipe AirAsia na GP2 asiática -categoria de base-, o baiano Luiz Razia, 22, estava no Bahrein para a segunda rodada do campeonato. Estava. Porque as corridas foram canceladas. E ele, ainda ontem, conseguiu um voo para deixar o país e voltar a Londres, onde mora.

 

Folha - O que você viu dos protestos por aí?
Luiz Razia -
Quando cheguei, na segunda, estava tranquilo, mas os funcionários do hotel já nos alertavam de que poderia piorar. A partir de terça, a coisa começou a aumentar a cada dia. Passei ontem [anteontem] pela praça e vi muita gente buzinando, agitando bandeiras, mas não tinha violência, não tinha ninguém agredindo ninguém.
Meu hotel fica a 200 metros dali. Na madrugada, eu ouvi uns tiros. Hoje [ontem], indo pro autódromo, cruzei com vários tanques e patrulhas. E as ruas estavam totalmente desertas.

Você conversou com algum bareinita? O que eles dizem?
Eles acham que essa reação do governo só vai piorar as coisas. Por terem matado esse pessoal, os protestos devem ficar mais intensos. Quem está protestando é gente de uma camada mais baixa da sociedade, e a tendência, dizem, é piorar.

E agora?
Não vai ter mais corrida. Não tinha segurança. Não tinha helicóptero de socorro nem ambulância na pista. Fizemos uma reunião entre os pilotos e decidimos que não faria sentido correr nessas condições. Consegui um voo direto para Londres. O negócio aqui está feio, quero ir embora logo.


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