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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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França acusa os EUA de buscarem a guerra

FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PARIS

Diante do fim das negociações no Conselho de Segurança da ONU e da iminência do conflito no Iraque, a França se manteve fiel, ontem, à sua defesa de um desarmamento pacífico do Iraque e condenou qualquer forma de ultimato por parte dos EUA.
"Lamento uma decisão que não possa ser justificada por nada hoje. Ela pode provocar graves consequências para a região e para o mundo. Deve-se tomar o caminho da guerra enquanto os inspetores da ONU nos dizem claramente que há uma possibilidade de continuar e avançar na via de um desarmamento pacífico do Iraque? Nós pensamos que não, que há uma alternativa e que devemos explorá-la até o final", sustentou o chanceler francês, Dominique de Villepin,
A França sabe que ela e seus mais próximos aliados, Rússia e Alemanha, nada mais poderão fazer para evitar a guerra. Para contra-atacar as acusações do presidente americano, George W. Bush, de que Paris teria sido responsável pelo fracasso das negociações na ONU, o governo francês fez questão de sublinhar que "os EUA não possuíam maioria no Conselho de Segurança para aprovar uma ação militar" e que por isso decidiram agir sozinhos. "Para os Estados Unidos, é a guerra em qualquer caso, seja com a caução das Nações Unidas, seja de forma unilateral. A França foi um dos principais responsáveis pela unidade da comunidade internacional, que conduziu à adoção da resolução 1441 à unanimidade. Desde então, ela não cessou, com seus partidários, de propor soluções concretas para aumentar a eficácia das inspeções da ONU", disse Villepin. No plano internacional, a França defendeu as discussões na ONU como única forma legítima para solucionar a crise, reprovando as medidas adotadas por Washington e Londres.
No plano nacional, a união dos franceses em torno da posição do presidente Jacques Chirac contra a guerra foi confirmada por uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Sofres. Segundo a sondagem, 85% dos franceses aprovam a oposição da França às intenções belicistas americanas. No Parlamento francês, reunido ontem num congresso no Palácio de Versalhes, a classe política também manifestou seu apoio. "Nesta hora em que a ameaça de um conflito armado no Iraque é mais do que presente em nossos espíritos, quero, em vosso nome, reafirmar a necessidade absoluta de um desarmamento do Iraque pelas vias pacíficas", disse ao plenário o presidente da Assembléia Nacional, Jean-Louis Debré.


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