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França acusa os EUA de buscarem a guerra
FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PARIS
Diante do fim das negociações
no Conselho de Segurança da
ONU e da iminência do conflito
no Iraque, a França se manteve
fiel, ontem, à sua defesa de um desarmamento pacífico do Iraque e
condenou qualquer forma de ultimato por parte dos EUA.
"Lamento uma decisão que não
possa ser justificada por nada hoje. Ela pode provocar graves consequências para a região e para o
mundo. Deve-se tomar o caminho da guerra enquanto os inspetores da ONU nos dizem claramente que há uma possibilidade
de continuar e avançar na via de
um desarmamento pacífico do
Iraque? Nós pensamos que não,
que há uma alternativa e que devemos explorá-la até o final", sustentou o chanceler francês, Dominique de Villepin,
A França sabe que ela e seus
mais próximos aliados, Rússia e
Alemanha, nada mais poderão fazer para evitar a guerra. Para contra-atacar as acusações do presidente americano, George W.
Bush, de que Paris teria sido responsável pelo fracasso das negociações na ONU, o governo francês fez questão de sublinhar que
"os EUA não possuíam maioria
no Conselho de Segurança para
aprovar uma ação militar" e que
por isso decidiram agir sozinhos.
"Para os Estados Unidos, é a guerra em qualquer caso, seja com a
caução das Nações Unidas, seja de
forma unilateral. A França foi um
dos principais responsáveis pela
unidade da comunidade internacional, que conduziu à adoção da
resolução 1441 à unanimidade.
Desde então, ela não cessou, com
seus partidários, de propor soluções concretas para aumentar a
eficácia das inspeções da ONU",
disse Villepin. No plano internacional, a França defendeu as discussões na ONU como única forma legítima para solucionar a crise, reprovando as medidas adotadas por Washington e Londres.
No plano nacional, a união dos
franceses em torno da posição do
presidente Jacques Chirac contra
a guerra foi confirmada por uma
pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Sofres. Segundo a sondagem, 85% dos franceses aprovam a oposição da França às intenções belicistas americanas. No
Parlamento francês, reunido ontem num congresso no Palácio de
Versalhes, a classe política também manifestou seu apoio. "Nesta hora em que a ameaça de um
conflito armado no Iraque é mais
do que presente em nossos espíritos, quero, em vosso nome, reafirmar a necessidade absoluta de um
desarmamento do Iraque pelas
vias pacíficas", disse ao plenário o
presidente da Assembléia Nacional, Jean-Louis Debré.
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