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Milhares de curdos fogem rumo às montanhas
DA REUTERS
Milhares de curdos iraquianos
fizeram suas malas e seguiram
ontem em direção às montanhas
ao norte do país. Seu grande temor é que, com a guerra, o ditador Saddam Hussein resolva lançar mão de armas químicas.
Muitos curdos disseram que
vão se refugiar nas casas de parentes em vilarejos nas montanhas.
Dizem que não têm planos de
cruzar as fronteiras para países vizinhos, a exemplo do que fizeram
mais de um milhão de curdos depois de um levante fracassado em
1991, após a Guerra da Golfo.
"Estamos deixando nossa cidade porque é mais seguro nas
montanhas, mas não estamos deixando o Curdistão iraquiano [região autônoma situada no norte
do Iraque]. Vamos lutar pela nossa terra", afirmou Hamza Salah
Hussein.
Um comboio de caminhões,
carros, ônibus, táxis e até tratores
lotados de pessoas seguiam em
direção ao norte. Autoridades
curdas locais tentaram dissuadir a
população da idéia de fuga. Fizeram testes de resgate de incêndio
e vão deixar 600 pequenas unidades de saúde de plantão para casos de emergência. Mas nada disso convenceu a população.
O temor que os curdos têm da
ira de Saddam Hussein está longe
de ser infundado. Os curdos iraquianos-que representam cerca
de 15% da população do país-
foram eliminados em massa por
Saddam, depois da guerra contra
o Irã, em 1989.
Os curdos foram financiados
por Teerã para lutar contra Saddam e fortalecer as ações do aiatolá Ruhollah Khomeini, líder da
Revolução Islâmica.
Depois da guerra, em que o Iraque foi financiado pelos EUA,
Saddam se voltou contra os curdos, utilizando, inclusive, gases
tóxicos contra eles. No último domingo, fez 15 anos que um ataque
químico matou cinco mil pessoas
em um único dia.
Agora, os curdos, maior grupo
étnico sem Estado do mundo (25
milhões de pessoas), temem ser
novamente vítimas de Saddam.
Por isso, não se envolverão na
guerra e preferem se refugiar.
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