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São Paulo, terça-feira, 18 de março de 2003

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Defesa aérea iraquiana se concentra em torno de Bagdá

Jerome Delay/Associated Press
Trem militar com tanque e equipamento do Exército iraquiano para reforçar as defesas de Bagdá chega à capital do país


MICHAEL R. GORDON
JOHN F. BURNS
DO "THE NEW YORK TIMES"

O Iraque cercou sua capital com defesas antiaéreas mais formidáveis do que as usadas na Guerra do Golfo (1991), segundo comandantes militares americanos.
O ditador Saddam Hussein "concentrou quase todos os seus recursos em uma pesada defesa de Bagdá", disse o general Dan Leaf, representante da Força Aérea no quartel-general das forças terrestres norte-americanas, na semana passada. "É um verdadeiro ninho de vespas."
O Iraque também reformou sua estrutura de comando militar, colocando as defesas do país nas mãos dos mais leais parentes e subordinados de Saddam, anunciou hoje o governo iraquiano.
O ditador manterá controle pessoal da aviação, defesas antiaéreas e sistemas de mísseis terra-terra iraquianos. Seu filho Qusay responderá pela defesa de Bagdá e da cidade natal do líder, Tikrit.

"Ali Químico"
Para tentar reforçar seu poderio no sul do país, Saddam selecionou Ali Hassan al Majid, conhecido pelos adversários iraquianos do governo como "Ali Químico", porque, alegam, ele teria comandado um ataque químico contra os curdos. O quartel-general de Majid provavelmente estará localizado em Nasiriyah, uma cidade no sul do Iraque.
Saddam instalou outro subordinado leal, Izzat Ibrahim, no comando da estratégica região norte. Mazban Khader Hadi, membro do Conselho de Comando Revolucionário, que comanda o país, responde pela defesa do centro do Iraque.

Omissão na TV
O Conselho de Comando Revolucionário, presidido por Saddam, disse que o estabelecimento dos novos distritos militares permitiria que as Forças Armadas do país "tomassem as medidas necessárias a repelir e destruir qualquer agressão estrangeira".
Mas aparentemente, em um esforço para manter a calma no país e impedir um possível levante interno, o governo de Saddam está ocultando dos iraquianos comuns a iminência de um possível ataque americano. Os programas de TV omitem do noticiário detalhes sobre a pressão anglo-americana, e o governo não ordenou que os cidadãos se preparassem para enfrentar ataques aéreos.
Oficiais americanos vêm dizendo há algum tempo que Saddam planeja montar sua defesa final em Bagdá, uma estratégia que permitiria que ele influenciasse a opinião mundial e faria com que os EUA tivessem de enfrentar a perspectiva de guerra urbana e um número possivelmente elevado de baixas.
Os esforços do Iraque para reforçar suas defesas antiaéreas têm por objetivo servir a essa estratégia de diversas maneiras. O Iraque está tentando reduzir os efeitos dos ataques aéreos americanos, os quais, esperam os planejadores militares dos EUA, debilitarão substancialmente as Forças Armadas do Iraque e possivelmente causarão a derrubada de Saddam. Além disso, as forças americanas precisariam controlar os céus sobre Bagdá durante qualquer avanço rumo à cidade, caso isso se prove necessário para derrubar o governo.
As trincheiras que cercam a capital estão sendo cheias de petróleo, que pode ser incendiado para obscurecer o campo de batalha e dificultar ao poderio aéreo aliado o ataque a alvos terrestres, uma tática que deve ter baixa efetividade, já que os americanos dispõem de bombas "inteligentes" -guiadas por satélite.


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