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Investigação entra
em "fase decisiva"
JULIO GOMES FILHO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM MADRI
O governo espanhol anunciou
ontem que as investigações sobre
os atentados terroristas que deixaram 201 mortos em Madri, há
uma semana, entraram numa "fase decisiva".
A declaração foi dada pelo ministro do Interior, Ángel Acebes
-o mesmo que, no dia dos ataques, atribuíra a autoria deles ao
grupo terrorista basco ETA.
Acebes não deu detalhes sobre
esse estágio dos trabalhos, segundo ele para não prejudicar o andamento das investigações.
O ministro também anunciou
um plano de medidas antiterror
em resposta aos atentados. A vigilância será reforçada em lugares
que recebem grande número de
civis, como aeroportos, estações
de trem e praças esportivas. Além
disso, será aumentada a proteção
policial a "objetivos estratégicos"
do país.
Acebes justificou a adoção do
plano dizendo que "é necessário
adotar medidas de prevenção
diante da maior ameaça à democracia atualmente".
Alfinetada política
O governo avisou ontem que
permanece o risco terrorista na
Espanha e que o plano de segurança não foge do que já é colocado em prática por outros países
da União Européia.
As medidas antiterror na Espanha significam um controle rígido
das fronteiras terrestres e marítimas pelas Forças Armadas e um
intercâmbio maior de informações entre as polícias das regiões
autônomas e os serviços de inteligência nacionais.
O plano foi acertado com o
PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), que ganhou as eleições gerais no último domingo e
assumirá o comando da política
espanhola já no mês que vem.
Apesar do acordo entre os partidos, no entanto, o futuro primeiro-ministro, José Luis Rodríguez
Zapatero, aproveitou uma entrevista para alfinetar os adversários
políticos -o Partido Popular, do
premiê José María Aznar, acusado de manipular informações sobre os atentados para evitar prejuízos eleitorais.
"O modelo de segurança espanhol é deficitário em matéria de
coordenação policial. É necessário criar um modelo novo, mais
eficiente, que faça frente ao terrorismo", disse Zapatero à rádio
Onda Cero.
Procurados são 20
A polícia segue buscando marroquinos suspeitos de participação na ação em Madri. Segundo o
jornal "El Mundo", não são só
cinco os marroquinos procurados, como havia dito o governo
anteontem, mas sim 20.
Outros três marroquinos estão
presos, além de um argelino, que
teve sua detenção prolongada por
mais 48 horas pelo juiz Baltasar
Garzón.
Jamal Zougam, um dos detidos
e que faria parte de grupos radicais islâmicos desde 1993, depôs
ontem e disse que por cima dele
"só está Deus".
O marroquino teria sido o responsável pela compra dos cartões
telefônicos dos celulares conectados aos detonadores das bombas
que explodiram em quatro trens,
na quinta-feira passada.
Pessoas ligadas a Zougam estão
sendo investigadas por toda a Espanha, inclusive em Barcelona.
Foi exatamente na Catalunha que
um "fórum" de terroristas islâmicos foi realizado oito dias antes
dos atentados terroristas nos EUA
em 11 de setembro de 2001.
O jornal catalão "El Periodico"
afirmou que a polícia de Barcelona lançou uma grande operação
de busca na comunidade norte-africana da cidade.
Apesar de a pista marroquina
ser a mais forte até agora, no entanto, fontes policiais afirmaram
que o mundo radical islâmico é
muito complexo e uma combinação entre vários grupos poderia
ter articulado os atentados em
Madri.
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