São Paulo, domingo, 18 de março de 2007

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Parlamento palestino dá aval a novo governo

DA REDAÇÃO

O Parlamento palestino aprovou ontem, por ampla maioria, o gabinete montado pelo governo de coalizão entre o partido secular Fatah e o grupo radical islâmico Hamas.
Em uma sessão realizada simultaneamente em Gaza e na Cisjordânia, com comunicação por videoconferência, o novo governo foi aprovado por 83 votos a três. Na verdade, o Parlamento palestino tem 132 membros, mas 41 deles, sendo 37 do Hamas, estão presos em Israel. A sessão teve de ser realizada por videoconferência devido a restrições impostas por Israel ao livre trânsito de alguns parlamentares palestinos.
O desafio para o governo de coalizão, formado após longo período de negociações entre o moderado Fatah, de Mahmoud Abbas, e o Hamas, do premiê Ismail Haniyeh, é não só pôr fim à onda de violência sectária que já matou mais de 300 pessoas só no ano passado, como persuadir as potências ocidentais a suspenderam as sanções econômicas que estrangulam a economia palestina.
As sanções foram impostas quando o Hamas venceu as eleições legislativas palestinas, em março do ano passado. Como o grupo radical se recusa a reconhecer a existência do Estado de Israel e a abandonar explicitamente o uso da violência na tentativa de criar um Estado palestino, os membros do Quarteto suspenderam a ajuda financeira que davam ao governo palestino.
Formado por EUA, Rússia, União Européia e ONU, o Quarteto é um grupo que medeia as negociações de paz entre Israel e palestinos, as quais exigem o reconhecimento do Estado de Israel e o fim da violência por parte dos palestinos.

Conversas
Oficialmente os americanos manterão seu boicote, mesmo tendo os palestinos chegado a um governo de coalizão.
Dando um sinal de distensão, a França já convidou o novo chanceler palestino, Ziad Abu Amr, a ir a Paris; e o Reino Unido planeja estabelecer contato com os ministros do gabinete que não pertencem ao Hamas.
Os israelenses mantêm a recusa a negociar com os palestinos. "Nós não trabalharemos com esse governo", declarou Miri Eisin, porta-voz do premiê israelense. "Esse governo não reconhece nossa existência, não reconhece os tratados e, mais importante, não renuncia à prática do terror", completou.
O premiê palestino, Ismail Haniyeh, reforçou na sessão de ontem do Parlamento as intenções de seu partido, o Hamas, de não abrir mão de suas diretrizes. "O governo afirma que toda forma de resistência, incluindo a resistência popular à ocupação [por Israel dos territórios palestinos], é um direito legítimo do povo palestino."
Ao se encerrar, a sessão do Parlamento foi aplaudida por seus membros.


Com agências internacionais


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