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Parlamento palestino dá aval a novo governo
DA REDAÇÃO
O Parlamento palestino
aprovou ontem, por ampla
maioria, o gabinete montado
pelo governo de coalizão entre
o partido secular Fatah e o grupo radical islâmico Hamas.
Em uma sessão realizada simultaneamente em Gaza e na
Cisjordânia, com comunicação
por videoconferência, o novo
governo foi aprovado por 83 votos a três. Na verdade, o Parlamento palestino tem 132 membros, mas 41 deles, sendo 37 do
Hamas, estão presos em Israel.
A sessão teve de ser realizada
por videoconferência devido a
restrições impostas por Israel
ao livre trânsito de alguns parlamentares palestinos.
O desafio para o governo de
coalizão, formado após longo
período de negociações entre o
moderado Fatah, de Mahmoud
Abbas, e o Hamas, do premiê
Ismail Haniyeh, é não só pôr
fim à onda de violência sectária
que já matou mais de 300 pessoas só no ano passado, como
persuadir as potências ocidentais a suspenderam as sanções
econômicas que estrangulam a
economia palestina.
As sanções foram impostas
quando o Hamas venceu as
eleições legislativas palestinas,
em março do ano passado. Como o grupo radical se recusa a
reconhecer a existência do Estado de Israel e a abandonar explicitamente o uso da violência
na tentativa de criar um Estado
palestino, os membros do
Quarteto suspenderam a ajuda
financeira que davam ao governo palestino.
Formado por EUA, Rússia,
União Européia e ONU, o
Quarteto é um grupo que medeia as negociações de paz entre Israel e palestinos, as quais
exigem o reconhecimento do
Estado de Israel e o fim da violência por parte dos palestinos.
Conversas
Oficialmente os americanos
manterão seu boicote, mesmo
tendo os palestinos chegado a
um governo de coalizão.
Dando um sinal de distensão,
a França já convidou o novo
chanceler palestino, Ziad Abu
Amr, a ir a Paris; e o Reino Unido planeja estabelecer contato
com os ministros do gabinete
que não pertencem ao Hamas.
Os israelenses mantêm a recusa a negociar com os palestinos. "Nós não trabalharemos
com esse governo", declarou
Miri Eisin, porta-voz do premiê
israelense. "Esse governo não
reconhece nossa existência,
não reconhece os tratados e,
mais importante, não renuncia
à prática do terror", completou.
O premiê palestino, Ismail
Haniyeh, reforçou na sessão de
ontem do Parlamento as intenções de seu partido, o Hamas,
de não abrir mão de suas diretrizes. "O governo afirma que
toda forma de resistência, incluindo a resistência popular à
ocupação [por Israel dos territórios palestinos], é um direito
legítimo do povo palestino."
Ao se encerrar, a sessão do
Parlamento foi aplaudida por
seus membros.
Com agências internacionais
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