São Paulo, sexta-feira, 18 de março de 2011

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Ex-presidente do Haiti volta do exílio às vésperas de pleito

Jean-Bertrand Aristide, deposto duas vezes, deve chegar hoje a Porto Príncipe; 2º turno presidencial é no domingo

Ex-mandatário, que vivia na África do Sul, ignorou apelos para adiar volta; candidatos evitam criticar decisão

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE

Após sete anos de exílio, o ex-presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide deve chegar hoje a Porto Príncipe, capital do país, a apenas 48 horas do inédito segundo turno das eleições presidenciais.
Aristide deixou ontem a África do Sul, ignorando apelos públicos dos EUA e privados do Brasil para que ele adiasse a volta para depois da votação de domingo.
"O grande dia chegou! O dia de dizer adeus antes de voltar para casa", declarou Aristide ao se despedir em Johannesburgo, onde viveu desde 2004, depois de deixar o Haiti sob pressão americana e acossado por rebeldes. "No Haiti, as pessoas estão também muito felizes."
Fundação ligada a Aristide pontuou as ruas da capital por cartazes com a inscrição "Bom retorno, Titide" (apelido do ex-padre eleito, deposto duas vezes e ainda o mais emblemático político do país). Mas o clima na cidade era de "ver para crer".
A Minustah, missão de estabilização da ONU no país desde 2004, disse que reforçará a segurança no aeroporto. O ex-presidente deve chegar por volta do meio-dia, em avião fretado, ao lado do ator Danny Glover, ligado a bloco de parlamentares negros do Congresso americano.
Apoiadores de Aristide e ativistas progressistas dos EUA defenderam a decisão do ex-presidente de voltar ao país antes das eleições. "Se ele não voltar agora, não voltará com o novo presidente eleito. Na tradição haitiana, é o eleito que manda de fato", disse Mark Weisbrot, codiretor do Centro para Estudos Políticos e Econômicos.
Num sinal de que o ex-presidente ainda tem lastro popular, nenhum dos candidatos presidenciais, Michel Martelly e Mirlande Manigat -opositores de Aristide-, criticou o retorno.
O ex-ditador Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, que governou de 1971 a 1985, também voltou ao Haiti em janeiro, após 25 anos de exílio.


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