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IRAQUE OCUPADO
CAÇADA
Ex-embaixador em Genebra, Barzan Ibrahim teria informações sobre a fortuna do ex-ditador no exterior
EUA prendem meio-irmão de Saddam
DA REDAÇÃO
As forças dos EUA no golfo Pérsico anunciaram ontem a captura
de Barzan Ibrahim Hasan, 53,
meio-irmão do ex-ditador Saddam Hussein, antigo chefe da polícia secreta iraquiana e ex-embaixador do país nas Nações Unidas
em Genebra.
Sua prisão pode dar aos EUA
pistas sobre o paradeiro do ex-ditador, sobre a suposta fortuna que
Saddam teria escondido no exterior e sobre a existência ou não de
armas químicas no Iraque.
O ex-integrante da cúpula do
regime de Saddam foi detido em
uma busca em Bagdá, organizada
pelas forças especiais dos EUA,
com o apoio de fuzileiros navais.
O general Vincent Brooks, um
dos porta-vozes americanos no
Qatar, disse que Barzan estava sozinho no momento da captura
-seu esconderijo na capital teria
sido fornecido por iraquianos
aliados dos EUA.
Sua casa, que também funcionava como centro de operações
do serviço de inteligência, foi atingida por seis bombas da coalizão
em 11 de abril -havia relatos de
que ele teria sido morto.
"Barzan era um conselheiro do
líder do governo deposto, com
grande conhecimento da estrutura interna do regime", declarou o
general Brooks, comentando que
a prisão simboliza "o compromisso [dos EUA] de perseguir incansavelmente os integrantes do regime banido".
Até a conclusão desta edição, o
comando americano não havia
divulgado detalhes sobre onde
Barzan ficará detido e como será
seu julgamento.
Cinco de paus
Esse meio-irmão de Saddam é a
carta de número 52, o cinco de
paus, na baralho distribuído pelos
americanos na semana passada
com informações sobre os 55 iraquianos mais procurados.
Foi o segundo meio-irmão de
Saddam capturado pelos EUA
nos últimos dias. No domingo
passado, Watban Ibrahim Hassan, o número 51 e o cinco de espadas, fora preso perto da fronteira com a Síria. Mas sua detenção
não foi considerada muito relevante, já que ele não estava mais
muito próximo do ex-ditador.
Barzan e Watban estão entre os
3 dos 55 procurados pelos EUA
que já foram capturados no Iraque. O outro é o general Amer
Hammoudi al Saadi, principal assessor científico de Saddam, que
se entregou no dia 12. Ele é a carta
55 do baralho, o sete de ouros.
Saddam Hussein tem ainda um
terceiro meio-irmão: Sabawi
Ibrahim Hasan, que também ocupou o comando da polícia secreta
e está desaparecido.
Barzan, entretanto, era considerado o favorito de Saddam entre
os três filhos do segundo casamento de sua mãe.
Os dois atuavam juntos politicamente desde 1974, quando Saddam tornou-se vice-presidente do
Iraque e indicou Barzan para o
comando da Mukhabarat, a polícia secreta do país.
Papel em Genebra
No final dos anos 80, ele passou
a representar o Iraque nas Nações
Unidas em Genebra, onde ficou
até 1999. O governo dos EUA
acredita que, nesse período, o embaixador, formado em direito e
ciência política, tenha desempenhado papel central na aquisição
clandestina de tecnologia nuclear
e militar para o Iraque.
Barzan era abertamente evitado
por seus demais colegas da comunidade diplomática em Genebra- certa vez, em uma recepção, teria agredido seu motorista
por causa de um atraso.
Especula-se também que Barzan utilizou seu posto na Suíça
para montar uma rede financeira
secreta para administrar bens de
Saddam, que poderiam chegar a
US$ 40 bilhões.
O governo suíço afirma que não
há evidências de que dinheiro de
Saddam Hussein tenha passado
por contas do país.
Segundo o diário britânico "The
Independent", o esquema utilizaria empresas "offshore" com sede
no Panamá para "lavar" o dinheiro retirado ilegalmente do Iraque,
que seria reinvestido em ações de
empresas européias regulares.
O jornal londrino afirma ainda
que, por meio de Barzan, Saddam
teria desviado anualmente 5%
dos recursos da produção de petróleo do Iraque.
Barzan tem seis filhos, que ainda moram na Suíça, onde estudam. Sua mulher morreu em
1998, vítima de câncer.
Com agências internacionais
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