São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 2008

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Multidão acompanha enterro de jornalista em Gaza

Cinegrafista estava entre 18 palestinos mortos durante operação israelense anteontem; no Egito, Carter condena bloqueio à região

DA REDAÇÃO

Cerca de 3.000 pessoas, segundo a Associated Press, acompanharam ontem nas ruas de Gaza o enterro de 18 palestinos mortos anteontem, entre eles cinco crianças e um jornalista de 23 anos de idade que trabalhava para a agência britânica Reuters. Os incidentes da quarta-feira, os piores desde o mês passado em Gaza, foram o resultado de um ataque israelense ao campo de refugiados de Bureij, em resposta à morte de três soldados na região.
O cinegrafista Fadel Shana, que cobria o ataque a Bureij quando foi morto, teve seu corpo enterrado envolto na bandeira palestina, acompanhado por simpatizantes do grupo radical islâmico Hamas -que controla Gaza- e do grupo laico Fatah, que preside a Autoridade Nacional Palestina.
Segundo a Reuters, exame do corpo de Shana revelou que a causa de sua morte foram microprojéteis que se desprendem de um obus israelense disparado por tanques. Uma das últimas imagens captadas pela câmera de Shana foi justamente o disparo de um tanque.
Em resposta às mortes em Bureij, o Hamas instou seus militantes a "atacarem o inimigo sionista por todas as partes". Já Mahmoud Abbas, presidente da ANP e que tem o aval do Ocidente para negociar com Israel, pediu urgência no avanço das negociações de paz israelo-palestinas, oficialmente retomadas em novembro nos EUA.
O premiê de Israel, Ehud Olmert, reafirmou que considera "os muçulmanos [do Hamas] os únicos responsáveis por o que acontece em Gaza" e alertou que "os faremos pagar".
Manifestou-se também o sul-africano John Dugard, relator especial da ONU sobre direitos humanos. Dugard instou as Nações Unidas a agirem como mediadoras no conflito. "Quanto tempo seguirá essa loucura sem intervenção internacional séria?", questionou.
O dia ontem não passou sem violência. Tropas israelenses mataram um palestino em Gaza e outros dois na Cisjordânia.
Em meio ao recrudescimento da agressividade israelo-palestina, o ex-presidente dos EUA Jimmy Carter segue em sua visita ao Oriente Médio na tentativa de facilitar as conversas de paz -missão essa que tanto os EUA como Israel condenam, dado que o democrata tem se reunido com líderes do Hamas, a quem Washington e Tel Aviv querem isolar.
Carter esteve ontem, no Cairo, com o presidente do Egito, Hosni Mubarak, e com dois líderes do Hamas. O americano, que ganhou o Nobel da Paz por haver mediado o acordo entre Egito e Israel, de 1979, condenou o bloqueio israelense a Gaza -em vigor desde junho do ano passado. Carter disse que a estratégia é "um crime e uma abominação". Afirmou ainda que o Hamas, que venceu as eleições palestinas em 2006, está disposto a aceitar um acordo negociado por Abbas e Israel, desde que seja aprovado em referendo pelos palestinos.
Jimmy Carter deve se encontrar hoje, na Síria, com o líder do Hamas Khaled Meshaal.


Com agências internacionais


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