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Multidão acompanha enterro de jornalista em Gaza
Cinegrafista estava entre 18 palestinos mortos durante operação israelense anteontem; no Egito, Carter condena bloqueio à região
DA REDAÇÃO
Cerca de 3.000 pessoas, segundo a Associated Press,
acompanharam ontem nas
ruas de Gaza o enterro de 18 palestinos mortos anteontem, entre eles cinco crianças e um jornalista de 23 anos de idade que
trabalhava para a agência britânica Reuters. Os incidentes da
quarta-feira, os piores desde o
mês passado em Gaza, foram o
resultado de um ataque israelense ao campo de refugiados
de Bureij, em resposta à morte
de três soldados na região.
O cinegrafista Fadel Shana,
que cobria o ataque a Bureij
quando foi morto, teve seu corpo enterrado envolto na bandeira palestina, acompanhado
por simpatizantes do grupo radical islâmico Hamas -que
controla Gaza- e do grupo laico Fatah, que preside a Autoridade Nacional Palestina.
Segundo a Reuters, exame do
corpo de Shana revelou que a
causa de sua morte foram microprojéteis que se desprendem de um obus israelense disparado por tanques. Uma das
últimas imagens captadas pela
câmera de Shana foi justamente o disparo de um tanque.
Em resposta às mortes em
Bureij, o Hamas instou seus
militantes a "atacarem o inimigo sionista por todas as partes".
Já Mahmoud Abbas, presidente da ANP e que tem o aval do
Ocidente para negociar com Israel, pediu urgência no avanço
das negociações de paz israelo-palestinas, oficialmente retomadas em novembro nos EUA.
O premiê de Israel, Ehud Olmert, reafirmou que considera
"os muçulmanos [do Hamas] os
únicos responsáveis por o que
acontece em Gaza" e alertou
que "os faremos pagar".
Manifestou-se também o
sul-africano John Dugard, relator especial da ONU sobre direitos humanos. Dugard instou
as Nações Unidas a agirem como mediadoras no conflito.
"Quanto tempo seguirá essa
loucura sem intervenção internacional séria?", questionou.
O dia ontem não passou sem
violência. Tropas israelenses
mataram um palestino em Gaza e outros dois na Cisjordânia.
Em meio ao recrudescimento da agressividade israelo-palestina, o ex-presidente dos
EUA Jimmy Carter segue em
sua visita ao Oriente Médio na
tentativa de facilitar as conversas de paz -missão essa que
tanto os EUA como Israel condenam, dado que o democrata
tem se reunido com líderes do
Hamas, a quem Washington e
Tel Aviv querem isolar.
Carter esteve ontem, no Cairo, com o presidente do Egito,
Hosni Mubarak, e com dois líderes do Hamas. O americano,
que ganhou o Nobel da Paz por
haver mediado o acordo entre
Egito e Israel, de 1979, condenou o bloqueio israelense a Gaza -em vigor desde junho do
ano passado. Carter disse que a
estratégia é "um crime e uma
abominação". Afirmou ainda
que o Hamas, que venceu as
eleições palestinas em 2006,
está disposto a aceitar um acordo negociado por Abbas e Israel, desde que seja aprovado
em referendo pelos palestinos.
Jimmy Carter deve se encontrar hoje, na Síria, com o líder
do Hamas Khaled Meshaal.
Com agências internacionais
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