São Paulo, sábado, 18 de maio de 2002

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Estudo de 99 trouxe hipótese de "avião-bomba"

DA REUTERS

Apesar de a Casa Branca afirmar que teria sido impossível, antes dos atentados de 11 de setembro, conceber o uso de aviões sequestrados para atacar alvos dos EUA, relatório de 1999 para a CIA vislumbrava ameaça semelhante.
O documento previa que o terrorista Osama bin Laden iria retaliar "de maneira espetacular" contra Washington pelos ataques com mísseis contra campos de treinamento da rede terrorista Al Qaeda no Afeganistão em 1998.
"Suicidas pertencentes ao batalhão de martírio da Al Qaeda poderiam jogar um avião cheio de explosivos potentes (...) contra o Pentágono, o quartel-general da CIA [agência de inteligência" ou a Casa Branca", dizia o relatório.
O documento, intitulado "A Sociologia e a Psicologia do Terrorismo", foi comissionado pela CIA e executado pela seção de pesquisas da Biblioteca do Congresso bem antes de George W. Bush tomar posse na Presidência.
Uma pesquisa dentre um vasto leque de estudos sobre terrorismo, o relatório esteve disponível ao público na Internet havia bastante tempo. Mas a sua previsão precisa levantou novas perguntas ontem sobre o quanto o governo sabia a respeito de potenciais ameaças, justamente no momento em que foi revelado que Bush havia sido alertado pela CIA em agosto passado sobre a possibilidade de sequestros de avião pela Al Qaeda.
Quatro aviões comerciais foram sequestrados e jogados contra o World Trade Center, o Pentágono e um campo no Estado da Pensilvânia em 11 de setembro de 2001, matando cerca de 3.000 pessoas. Os EUA culpam a rede Al Qaeda.
"Eu não acredito que nenhuma pessoa poderia ter previsto que essas pessoas tomariam um avião e o jogariam contra o World Trade Center, que pegariam outro e o jogariam no Pentágono", disse na quinta a assessora de segurança nacional, Condoleezza Rice.
No mesmo dia, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que o alerta recebido por Bush não mostrava haver possibilidade de aviões serem usados pelo Al Qaeda como bombas.
"Tradicionais sequestros de avião antes de 11 de setembro -daria na mesma ser uma palavra diferente em uma língua diferente daquela que viemos a conhecer no mundo pós 11 de setembro", afirmou.
Ontem, Fleischer tentou minimizar a importância do relatório, dizendo se tratar de um estudo sobre a forma de pensar de terroristas em potencial e não baseada em conhecimentos específicos.
O porta-voz declarou só ter tomado conhecimento do relatório ontem, mas ressaltou que ele já estava disponível ao Congresso -alguns congressistas vêm pedindo uma investigação sobre potenciais erros no trabalho de inteligência do governo.
"Eu acho que isso mostra que essa informação que estava disponível não causou grande alarme a ninguém (...) por não se tratar de informações de inteligência."
O relatório dizia que outros grupos poderiam executar ataques terroristas nos EUA, incluindo o Hizbollah, do Líbano, os Tigres de Libertação Tamil, de Sri Lanka, e o grupo japonês Aum Shinrikyo.
Entretanto ressaltava que a "Al Qaeda apresenta a ameaça terrorista mais séria aos interesses de segurança dos EUA, pois os bem treinados terroristas da Al Qaeda estão ativamente engajados em uma jihad [guerra santa" terrorista contra interesses dos EUA".



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