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Estudo de 99 trouxe hipótese de "avião-bomba"
DA REUTERS
Apesar de a Casa Branca afirmar que teria sido impossível, antes dos atentados de 11 de setembro, conceber o uso de aviões sequestrados para atacar alvos dos
EUA, relatório de 1999 para a CIA
vislumbrava ameaça semelhante.
O documento previa que o terrorista Osama bin Laden iria retaliar "de maneira espetacular"
contra Washington pelos ataques
com mísseis contra campos de
treinamento da rede terrorista Al
Qaeda no Afeganistão em 1998.
"Suicidas pertencentes ao batalhão de martírio da Al Qaeda poderiam jogar um avião cheio de
explosivos potentes (...) contra o
Pentágono, o quartel-general da
CIA [agência de inteligência" ou a
Casa Branca", dizia o relatório.
O documento, intitulado "A Sociologia e a Psicologia do Terrorismo", foi comissionado pela
CIA e executado pela seção de
pesquisas da Biblioteca do Congresso bem antes de George W.
Bush tomar posse na Presidência.
Uma pesquisa dentre um vasto
leque de estudos sobre terrorismo, o relatório esteve disponível
ao público na Internet havia bastante tempo. Mas a sua previsão
precisa levantou novas perguntas
ontem sobre o quanto o governo
sabia a respeito de potenciais
ameaças, justamente no momento em que foi revelado que Bush
havia sido alertado pela CIA em
agosto passado sobre a possibilidade de sequestros de avião pela
Al Qaeda.
Quatro aviões comerciais foram
sequestrados e jogados contra o
World Trade Center, o Pentágono
e um campo no Estado da Pensilvânia em 11 de setembro de 2001,
matando cerca de 3.000 pessoas.
Os EUA culpam a rede Al Qaeda.
"Eu não acredito que nenhuma
pessoa poderia ter previsto que
essas pessoas tomariam um avião
e o jogariam contra o World Trade Center, que pegariam outro e o
jogariam no Pentágono", disse na
quinta a assessora de segurança
nacional, Condoleezza Rice.
No mesmo dia, o porta-voz da
Casa Branca, Ari Fleischer, disse
que o alerta recebido por Bush
não mostrava haver possibilidade
de aviões serem usados pelo Al
Qaeda como bombas.
"Tradicionais sequestros de
avião antes de 11 de setembro
-daria na mesma ser uma palavra diferente em uma língua diferente daquela que viemos a conhecer no mundo pós 11 de setembro", afirmou.
Ontem, Fleischer tentou minimizar a importância do relatório,
dizendo se tratar de um estudo
sobre a forma de pensar de terroristas em potencial e não baseada
em conhecimentos específicos.
O porta-voz declarou só ter tomado conhecimento do relatório
ontem, mas ressaltou que ele já
estava disponível ao Congresso
-alguns congressistas vêm pedindo uma investigação sobre potenciais erros no trabalho de inteligência do governo.
"Eu acho que isso mostra que
essa informação que estava disponível não causou grande alarme a
ninguém (...) por não se tratar de
informações de inteligência."
O relatório dizia que outros grupos poderiam executar ataques
terroristas nos EUA, incluindo o
Hizbollah, do Líbano, os Tigres de
Libertação Tamil, de Sri Lanka, e
o grupo japonês Aum Shinrikyo.
Entretanto ressaltava que a "Al
Qaeda apresenta a ameaça terrorista mais séria aos interesses de
segurança dos EUA, pois os bem
treinados terroristas da Al Qaeda
estão ativamente engajados em
uma jihad [guerra santa" terrorista contra interesses dos EUA".
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