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GUERRA SEM LIMITES
Segundo o "Times", agência abriu ou reabriu mais de 20 bases no exterior em 19 meses e visa penetrar no Irã
Em expansão, CIA quer triplicar agentes
DA REDAÇÃO
Durante os 19 meses em que foi
dirigida por Porter Goss, a CIA
(central de inteligência dos EUA)
impulsionou uma forte expansão,
recrutando novos agentes e abrindo ou reabrindo mais de 20 bases
no exterior. A informação é de reportagem publicada ontem pelo
jornal "The New York Times".
Até o próximo ano, a agência espera triplicar o número de agentes treinados em relação a 2001. O
objetivo é usar a rede de espionagem fortalecida para começar a
penetrar em sociedades fechadas
como a Coréia do Norte e o Irã
-classificados pelos EUA como
integrantes do "eixo do mal".
No início do mês, sob intensa
pressão, Goss pediu demissão do
cargo de diretor da agência. Para
seu lugar, o presidente George W.
Bush indicou o general Michael
Hayden, que passa hoje por uma
sabatina no Senado.
Segundo o jornal, a reconstrução da CIA começou com o predecessor de Goss, George Tenet.
Foi Tenet quem convenceu o
Congresso americano, nos anos
1990, a reverter a política de cortes
no orçamento e de pessoal que a
agência vinha sofrendo depois do
colapso da União Soviética.
De acordo com antigos e atuais
agentes de inteligência ouvidos
pelo "Times" sob condição de
anonimato, levará "vários anos"
para a CIA cumprir uma diretiva
presidencial de 2004 que determina o aumento de agentes e de analistas de inteligência em 50%. Alguns dizem ainda que esse aumento não significa necessariamente uma inteligência melhor.
A ênfase apenas no tamanho
pode desviar recursos de locais
estratégicos com maior necessidade, "roubando de Pedro para
pagar Paulo", nas palavra do senador republicano Pat Roberts,
presidente da comissão de inteligência do Senado.
"Tenho minhas preocupações
sobre isso. Não é uma questão
apenas de números. É uma questão de ser mais agressivo", disse
Roberts ao "Times".
Mas o reforço das operações de
espionagem no exterior deve ajudar os esforços do diretor nacional de inteligência, John Negroponte, para mudar o foco das
ações para o combate ao terrorismo e o roubo de segredos no exterior pela agência.
A CIA também registrou aumento no número de candidatos
a empregos na agência. No ano
fiscal encerrado em setembro de
2005, foram 121 mil candidatos,
contra 136 mil em 2002 e 138 mil
em 2003. Neste ano, a agência já
recebeu 84 mil currículos, uma
média de 2.000 a mais por mês em
comparação com o ano passado.
Disputa
Quaisquer que sejam as condições, Hayden pode se tornar o
primeiro diretor a iniciar seu
mandato na CIA sabendo que a
agência já não é mais o centro da
burocracia de inteligência americana, afirma o "Times".
Seu papel histórico como o órgão primordial para a coleta de a
análise de informações brutas está sendo desafiado por frentes
múltiplas, com o Pentágono aumentando seu papel na coleta de
informações, sob o comando do
secretário da Defesa, Donald
Rumsfeld. Enquanto isso, Negroponte pressiona para que agentes
de inteligência da CIA fiquem diretamente sob seu controle.
Além disso, há as críticas sobre a
capacidade da agência de roubar
segredos no exterior, especialmente depois da desinformação
sobre a existência de armas de
destruição em massa no Iraque,
justificativa primeira para a invasão do país.
Assessores de Goss dizem que o
fortalecimento das redes de espionagem foi a prioridade de seu
mandato. Em um relatório de
2005, a comissão de inteligência
da Câmara dos Representantes
(deputados), então dirigida por
Goss, criticou o que chamou de
"negação disfuncional de qualquer necessidade de ação coerciva" na maneira em que a agência
coleta inteligência humana.
"Após anos tentando convencer, sugerir, instar, seduzir e pressionar a CIA a fazer mudanças
abrangentes na forma de conduzir a coleta, a CIA, na visão do comitê, continua descendo uma estrada que vai terminar em um penhasco", diz o relatório.
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