São Paulo, segunda-feira, 18 de maio de 2009

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Republicanos querem prolongar Guantánamo

Oposição considera "arbitrário" prazo para fechar prisão até janeiro, imposto por Obama após a posse

DA ASSOCIATED PRESS

Congressistas republicanos exortaram o presidente Barack Obama a estender o prazo para o fechamento do campo de prisioneiros na base militar de Guantánamo (Cuba), estabelecido até janeiro.
Para o líder do partido opositor no Senado, Mitch McConnell, a data escolhida no primeiro dia de governo do democrata é "arbitrária".
O aumento do tom na pressão republicana pretende aproveitar o momento criado pelos primeiros recuos de Obama na sua anunciada política de desmantelamento do aparato da "guerra ao terror" do antecessor, George W. Bush.
Na última sexta, o presidente anunciou que manterá as comissões militares de exceção para o julgamento dos prisioneiros da base. Ao assumir, Obama havia suspendido as comissões por quatro meses e ordenado o fechamento definitivo da prisão em até um ano.
No começo da semana, o democrata também já decidira proibir a divulgação de fotos que mostram militares americanos praticando maus tratos contra prisioneiros no Iraque e no Afeganistão. A justificativa foi a de que a medida poderia pôr em risco soldados no front.
As fotos, porém, vazaram, constrangendo o governo, que havia dito que elas não mostravam abusos como os da prisão de Abu Ghraib (Iraque).
"O presidente errou ao estabelecer uma data [para o fechamento da prisão de Guantánamo]. Ele mudou de ideia sobre outras coisas. O caso merece um ajustamento de posição", disse McConnell à Fox News. "Deveríamos mantê-la aberta. É uma instalação moderna. Nunca ninguém fugiu dali."

Nó jurídico
A base mantém hoje 241 prisioneiros. Para que sejam libertados, porém, a Casa Branca precisa desatar o nó jurídico criado sob o termo "combatentes inimigos ilegítimos" -conceito concebido nos anos Bush para privar os detentos das garantias internacionais das Convenções de Genebra e da legislação americana.
Em março, o governo anunciou ter abandonado o termo. Mas a questão do destino dos detentos segue problemática.
Além da resistência -inclusive de democratas- em levar os presos para julgamento nos EUA, muitos deles correm risco de perseguição em seus países de origem caso sejam mandados de volta.
Cerca de US$ 50 milhões já reservados para o fechamento da prisão estão condicionados a uma solução para o destino dos prisioneiros. Washington negocia com países europeus.
"[Os prisioneiros] deveriam ficar em Guantánamo até o presidente encontrar um lugar para eles", disse o republicano mais graduado da Comissão de Segurança Doméstica do Senado, Peter King, à emissora CBS.
Até o senador democrata Jim Webb defendeu o não fechamento, por ora, da prisão. "Devemos fechar Guantánamo no momento correto. Vamos processá-los de acordo com a lei, com o devido processo legal. E então a fechamos." Obama prometeu garantias aos prisioneiros nas comissões militares.


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