São Paulo, segunda-feira, 18 de maio de 2009

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Ampliar Conselho de Segurança depende só dos EUA, diz Lula

Na Arábia Saudita, presidente declara que França e Reino Unido aprovam reformulação do principal órgão de decisões da ONU

Questionado se China e Rússia também respaldam a ideia, chanceler brasileiro evita resposta categórica e fala "estamos avançando"

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A RIAD

A ampliação do Conselho de Segurança da ONU, antiga reivindicação do governo brasileiro, só depende dos EUA, disse ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Basta os EUA dizerem que querem", afirmou o presidente, que concluiu ontem viagem à Arábia Saudita, de onde partiu para a China. Lula disse que outros membros permanentes do Conselho, como França e Reino Unido, apoiam a reforma do principal órgão de decisões da ONU. Questionado pela Folha se China e Rússia, os outros dois membros permanentes do órgão, também respaldavam o projeto, o chanceler Celso Amorim evitou uma resposta categórica. "Estamos avançando", disse Amorim. Procurado ontem para comentar a declaração de Lula, o Departamento de Estado americano afirmou que não tinha resposta oficial a oferecer. A campanha do Brasil por uma vaga permanente em um Conselho de Segurança ampliado marcou a diplomacia brasileira no primeiro mandato do governo Lula. Aliado a Japão, Alemanha e Índia, o Brasil ajudou a criar o chamado G4, que defendia uma reforma para tornar o órgão representativo da realidade atual, e não a do mundo do pós-guerra.
O projeto perdeu força com a oposição de membros permanentes, principalmente EUA e China, e também de resistências regionais às candidaturas do G4. Mas Amorim disse que a ideia está voltando a ocupar espaço no debate internacional. Para Lula, a reforma das Nações Unidas é "uma questão de tempo". "Ela hoje está mais madura do que já esteve em qualquer outro momento", afirmou o presidente. "Com a crise econômica está ficando visível para todos os dirigentes do mundo que acabou o tempo em que dois países sentavam-se numa mesa e decidiam o destino dos outros."
Lula contou que se esforçou para convencer o ex-presidente americano George W. Bush a não deixar a Casa Branca sem promover a reforma da ONU, mas não teve sucesso. Com a vitória de Barack Obama, o brasileiro está confiante em uma retomada do projeto.
"O Brasil quer participar, mas não só isso", disse Lula. "A primeira coisa que temos que votar na ONU é que haverá a reforma. Na segunda votação nós vamos discutir quais os novos países que farão parte." O presidente admitiu que as resistências regionais podem modificar as configurações de um novo Conselho de Segurança. "Por exemplo, a China tem divergência com o Japão. A Itália com a Alemanha. E há outras divergências que eu não posso contar aqui", disse Lula, completando com um sorriso: "Eu poderia dizer que ninguém tem divergência com o Brasil".
No passado, México e Argentina já expressaram oposição à candidatura do Brasil como representante da América Latina, mas o Itamaraty acha que uma nova rodada de negociações possa revertê-la.


Colaborou FERNANDO CANZIAN , de Nova York


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