|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ampliar Conselho de Segurança depende só dos EUA, diz Lula
Na Arábia Saudita, presidente declara que França e Reino Unido aprovam reformulação do principal órgão de decisões da ONU
Questionado se China e Rússia também respaldam a ideia, chanceler brasileiro evita resposta categórica e fala "estamos avançando"
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A RIAD
A ampliação do Conselho de
Segurança da ONU, antiga reivindicação do governo brasileiro, só depende dos EUA, disse
ontem o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. "Basta os EUA dizerem que querem", afirmou o
presidente, que concluiu ontem viagem à Arábia Saudita,
de onde partiu para a China.
Lula disse que outros membros permanentes do Conselho, como França e Reino Unido, apoiam a reforma do principal órgão de decisões da ONU.
Questionado pela Folha se
China e Rússia, os outros dois
membros permanentes do órgão, também respaldavam o
projeto, o chanceler Celso
Amorim evitou uma resposta
categórica. "Estamos avançando", disse Amorim.
Procurado ontem para comentar a declaração de Lula, o
Departamento de Estado americano afirmou que não tinha
resposta oficial a oferecer.
A campanha do Brasil por
uma vaga permanente em um
Conselho de Segurança ampliado marcou a diplomacia
brasileira no primeiro mandato do governo Lula. Aliado a Japão, Alemanha e Índia, o Brasil
ajudou a criar o chamado G4,
que defendia uma reforma para tornar o órgão representativo da realidade atual, e não a do
mundo do pós-guerra.
O projeto perdeu força com a
oposição de membros permanentes, principalmente EUA e
China, e também de resistências regionais às candidaturas
do G4. Mas Amorim disse que a
ideia está voltando a ocupar espaço no debate internacional.
Para Lula, a reforma das Nações Unidas é "uma questão de
tempo". "Ela hoje está mais
madura do que já esteve em
qualquer outro momento",
afirmou o presidente. "Com a
crise econômica está ficando
visível para todos os dirigentes
do mundo que acabou o tempo
em que dois países sentavam-se numa mesa e decidiam o
destino dos outros."
Lula contou que se esforçou
para convencer o ex-presidente americano George W. Bush a
não deixar a Casa Branca sem
promover a reforma da ONU,
mas não teve sucesso. Com a
vitória de Barack Obama, o
brasileiro está confiante em
uma retomada do projeto.
"O Brasil quer participar,
mas não só isso", disse Lula. "A
primeira coisa que temos que
votar na ONU é que haverá a
reforma. Na segunda votação
nós vamos discutir quais os novos países que farão parte."
O presidente admitiu que as
resistências regionais podem
modificar as configurações de
um novo Conselho de Segurança. "Por exemplo, a China tem
divergência com o Japão. A Itália com a Alemanha. E há outras divergências que eu não
posso contar aqui", disse Lula,
completando com um sorriso:
"Eu poderia dizer que ninguém
tem divergência com o Brasil".
No passado, México e Argentina já expressaram oposição à
candidatura do Brasil como representante da América Latina, mas o Itamaraty acha que
uma nova rodada de negociações possa revertê-la.
Colaborou FERNANDO CANZIAN , de Nova York
Texto Anterior: Aborto: Obama pede tolerância em discurso em universidade católica Próximo Texto: Frase Índice
|